O Hemocentro de Ribeirão Preto inaugurou, nesta segunda (14), uma nova etapa do Centro de Terapia Celular da Universidade de São Paulo (USP), como integrante dos Centros de Pesquisa e Inovação Especiais (Cepix). Na última década, o centro destacou-se como o precursor na América Latina ao produzir com sucesso células CAR-T, com tecnologia genuinamente nacional, permitindo a 20 pacientes com leucemia linfoide aguda de células B (LLA) e linfoma não-Hodgkin de células B refratários tratamento compassivo, com respostas superiores às terapias convencionais.
Há 25 anos, o CTC-USP tinha como missão desenvolver pesquisas e tratamentos voltados à saúde da população. Ao longo desse tempo, influentes cientistas demonstraram que era possível avançar e inovar na ciência brasileira, com impacto mundial. A criação dos Cepix visava fomentar a continuidade das atividades dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs), financiados pela FAPESP, que estavam prestes a alcançar o prazo de término estabelecido pela Instituição.
“Felizmente, no CTC, temos uma combinação favorável de fatores. Não apenas as atividades do CTC da USP, mas também do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, do Hemocentro de Ribeirão Preto, e a parceria com o Instituto Butantan possibilitaram a criação deste núcleo de terapia avançada”, diz.
“Esperamos que isso reduza significativamente a diferença no acesso a terapias celulares no país e também internacionalmente. Para ilustrar, nos Estados Unidos já foram realizados mais de 30.000 tratamentos com CAR-T, enquanto no Brasil é inferior a 100. Nosso objetivo é reduzir essa disparidade, tanto entre países quanto entre pacientes do SUS e da saúde suplementar”, afirmou o presidente do Hemocentro, professor Rodrigo Calado.
A parceria entre as faculdades de medicina, o Instituto Butantan, Hemocentro e os hospitais das Clínicas tem sido muito produtiva. Isso se expandiu também ao Hospital das Clínicas da Unicamp e a outros parceiros, como a Beneficência Portuguesa e o Sírio-Libanês de São Paulo, no desenvolvimento de estudos em andamento, que produziram bons resultados.
O presidente do Butantan, professor Esper Kallas, afirmou durante a abertura do II Colóquio, que “é importante transmitir esta mensagem para todos, especialmente aos que estão começando. Compreender essa filosofia é fundamental para mudar a vida das pessoas. O trabalho colaborativo entre o Nutera São Paulo, Nutera Ribeirão Preto e o Instituto Butantan exemplifica como parcerias eficazes podem transformar a ciência e impactar positivamente a sociedade”´.
Para o reitor da USP, professor Carlos Carlotti, “é um movimento muito favorável que a universidade e o Hospital das Clínicas têm tido, graças aos investimentos do governo do estado, da Finep e da FAPESP. Aqui, estamos inaugurando um centro chamado Cepix, que é uma continuação de um centro inicialmente financiado pela Fapesp”, diz
“Esse centro foi institucionalizado e agora faz parte da universidade e da Faculdade de Medicina, o que favorece os pesquisadores na busca por novos financiamentos. Além disso, o centro tem autonomia administrativa, e tenho certeza de que isso irá contribuir para o desenvolvimento da ciência dentro da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, e na Faculdade de Medicina”.
Colóquio – O dia também marcou a realização do II Colóquio do Núcleo de Terapia Avançada (Nutera) – “Terapia Celular: realidade no combate ao câncer e perspectivas no tratamento das doenças imunes”, no Anfiteatro Vermelho do Hemocentro RP. O evento reuniu pesquisadores que apresentaram e discutiram novas abordagens, estudos e tratamentos na área.
A abertura foi feita pelo diretor-presidente executivo da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto, professor Rodrigo Calado, pelo diretor do Instituto Butantan, professor Esper Kallás, e pelo diretor-presidente da Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São Paulo, professor Vanderson Rocha. O Nutera fez parte do maior e mais avançado programa de tratamento contra o câncer da América Latina.