O governo de São Paulo liberou nesta sexta-feira, 21 de fevereiro, a contratação de novos profissionais para reforçar e equacionar o quadro do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, ligado à Universidade de São Paulo (HCFMRP/USP). A medida tem o objetivo de garantir e melhorar a assistência prestada pela instituição, uma das mais respeitadas e referência na América Latina, à população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS).
A reposição de cerca de 350 vagas deverá começar em março, com aproveitamento de remanescentes de concursos públicos e, se necessário, abertura de novos processos seletivos até que se conclua o preenchimento do quadro de funcionários. No ano passado, o Estado também autorizou 242 vagas para contratação de diversos profissionais, inclusive remanescentes de concursos públicos. Porém, em virtude de desligamentos e da necessidade de reforço das equipes, novas tratativas foram realizadas, resultando na autorização para as vagas citadas.
“Estamos permanentemente atentos às necessidades das nossas unidades e é importante salientar que nenhum leito será fechado, nem haverá interrupções de serviços. Desde o ano passado, temos dialogado com o HC de Ribeirão, que seguirá realizando atendimento de qualidade e contando com apoio do Governo do Estado para garantir assistência à população”, afirma o secretário de Estado da Saúde, José Henrique Germann.
O HC de Ribeirão é referência em assistência de alta complexidade no interior paulista e na América Latina, além de atuar como hospital universitário, sendo centro formador de profissionais de saúde. Atua com profissionais e tecnologias de ponta, como referência para mais de 3,5 milhões de habitantes do interior do Estado. Conta com 6.174 colaboradores. Anualmente, realiza cerca de 1,5 milhão de consultas médicas e não médicas, além de onze mil procedimentos cirúrgicos, entre outros atendimentos. Tem 920 leitos nas duas unidades – Campus (Zona Oeste) e de Emergência (Centro) – para atender pacientes do SUS.
A crise no Hospital das Clínicas é reflexo do mercado. Vários funcionários migraram para a iniciativa privada em busca de uma remuneração mais alta e outros se aposentaram – segundo o sindicato que representa os servidores da área da saúde, são cerca de 30 pedidos por mês. Dos 6.174 colaboradores do HC de Ribeirão Preto, 22,5% são contratados pela Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Assistência (Faepa), organização social que administra a instituição de saúde.
O déficit de mão de obra é de 440 profissionais, de acordo com informações divulgadas pelo sindicato da categoria. Por causa da falta de pessoal de enfermagem e anestesistas, segundo dados da superintendência, a média de cirurgias realizadas na Unidade Campus, entre 2015 e 2018, foi de 12.279, enquanto no ano passado este número foi de 11.168, uma redução de 9%.
Após uma reunião, no dia 14 de fevereiro, pessoas ligadas ao corpo clínico chegaram a divulgar que o Hospital das Clínicas poderia fechar 130 leitos para internação por falta de pessoa. A superintendência rebateu e informou que “pontualmente, para atender legislação específica relativa a recursos humanos em áreas críticas, cerca de 20 leitos têm sido bloqueados temporariamente”.