O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP) se tornou pioneiro na América Latina a realizar cirurgia de coluna utilizando um robô, nesta sexta-feira, 7 de junho. Até então, a técnica era inédita na rede pública. Um comerciante de 66 anos com escoliose degenerativa foi o primeiro paciente a se submeter ao procedimento. Ele deve ter alta em dois dias.
A tecnologia robótica traz uma série de benefícios tanto para os pacientes quanto para a equipe médica. Com ela, é possível obter maior precisão no posicionamento de implantes na coluna, reduzindo riscos e tornando a cirurgia menos agressiva. Isso resulta em menor perda de sangue, menos dor no pós-operatório e um tempo de recuperação mais rápido para o paciente. Além disso, a exposição da equipe à radiação durante o procedimento também é significativamente reduzida.
Para o neurocirurgião Vinicius Carneiro, a cirurgia transcorreu dentro do que havia sido planejado. “Foi um trabalho árduo durante a semana. Tudo que foi planejado ocorreu de forma brilhante durante o ato cirúrgico e sem nenhuma intercorrência. O paciente está bem e deve sair nos próximos dois dias. Aproveito para agradecer a todos os profissionais que se dedicaram a esse trabalho. Foi um trabalho conjunto de muitos profissionais”, afirma.
Cirurgia – Antes da cirurgia foi feito um planejamento minucioso utilizando exames de imagem, que permite programar com exatidão o posicionamento dos implantes. Durante o procedimento, o cirurgião é guiado pelo robô para executar a colocação dos implantes com a máxima precisão, contando com a visualização em tempo real através do sistema de navegação.
Segundo os cirurgiões da primeira cirurgia robótica de coluna, Helton Defino, ortopedista, e Vinicius Carneiro, neurocirurgião, dependendo da complexidade, cirurgias que poderiam levar 3 horas podem ser realizadas em cerca de 1 hora e meia com o auxílio do robô. Além da redução no tempo cirúrgico, o período de internação do paciente também tende a ser menor, com uma recuperação mais rápida e um retorno precoce às atividades profissionais.
“A introdução dessa tecnologia de ponta no Hospital representa um grande avanço, disponibilizando aos pacientes do SUS um tratamento até então restrito a poucos hospitais particulares. Além dos benefícios diretos à população atendida, a iniciativa abre caminho para o desenvolvimento de pesquisas e a capacitação de profissionais no uso dessa moderna ferramenta”, afirma o professor Defino.
Custo – O equipamento de última geração, comprado ao custo de R$ 6 milhões, permite a realização de procedimentos de alta precisão e menos invasivos. “Esse valor corresponde a 50% do que seria o investimento real no mercado privado, uma vez que a proposta foi aliada ao desenvolvimento de estudos e à obtenção de benefícios para os pacientes. A colaboração envolveu não apenas a compra do aparelho, mas também a capacitação de profissionais para operá-lo”, explica o superintendente do Hospital, professor Ricardo Cavalli.