A partir desta quinta-feira, 30 de julho, mais quatro centros de pesquisa vão dar início aos testes com a vacina chinesa da Sinovac, que é desenvolvida em parceria com o Instituto Butantan. A terceira fase de testes em humanos da CoronaVac, como foi chamada esta vacina contra o novo coronavírus, teve início na terça-feira passada (21) no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo.
Um destes centros é o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, ligada à Universidade de São Paulo (HCFMRP/USP), que selecionou 500 voluntários para receber a primeira dose da vacina. “A partir do dia 30 iniciaremos quatro centros, totalizando cinco centros de testagem para a vacina licenciada pelo Instituto Butantan”, diz Jean Gorinchteyn, secretário estadual da Saúde de São Paulo.
“A partir agora do dia 30, o hospital Emílio Ribas, em São Paulo, e o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto darão início aos testes da vacina. A partir do dia 31, darão início a Universidade Municipal de São Caetano do Sul e a Universidade Federal de Minas Gerais”, acrescenta o secretário. Ao todo, os testes com a CoronaVac serão realizados em nove mil voluntários recrutados em doze centros de pesquisas de seis estados brasileiros.
Estão na lista São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. A pesquisa clínica será coordenada pelo Instituto Butantan. Os candidatos de Ribeirão Preto são enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem e outros profissionais de saúde que atuam no atendimento direto aos pacientes com coronavírus. Eles estão em boas condições de saúde e não contraíram o vírus. No caso das candidatas mulheres, elas não podem estar grávidas.
Apenas profissionais da saúde que ainda não tiveram a doença e que atuam com pacientes com covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus, podem participar dos testes. Para atender aos critérios, esses profissionais da saúde não podem ter outras doenças e nem estarem em fase de testes para outras vacinas. No estado de São Paulo serão feitos testes da vacina na Universidade Municipal de São Caetano do Sul, no Hospital das Clínicas da Unicamp em Campinas, na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e no HC de Ribeirão Preto.
As pesquisas serão realizadas, ainda, na Universidade de Brasília (UnB); no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro; no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos da Universidade Federal de Minas Gerais; no Hospital São Lucas da PUC do Rio Grande do Sul e no Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná.
Segundo o secretário de Saúde, a aplicação dos testes em voluntários dos demais sete centros que compõem a rede serão anunciados na próxima semana. A previsão do governo paulista é de que essa fase de testes da vacina seja concluída nestas doze instituições até meados de setembro. A vacina é aplicada em duas doses, com intervalo de 14 dias. Caso seja comprovado o sucesso, ela começará a ser produzida pelo Instituto Butantan.
Mais de um milhão de pessoas se candidataram para serem voluntárias nos testes da CoronaVac, vacina chinesa que vem sendo testada no País desde a semana passada e que é fruto de uma parceria do Instituto Butantã e a empresa Sinovac Biotechm, segundo Jean Gorinchteyn.
Na segunda-feira (28), o governador de São Paulo, João Doria, disse acreditar que as primeiras doses da vacina já possam estar disponíveis para a população brasileira a partir de janeiro. De acordo com o professor da Faculdade de Medicina e coordenador da pesquisa em Ribeirão Preto, Eduardo Barbosa Coelho, a cidade foi escolhida por possuir um centro de excelência e ter o vírus em circulação.
“Para medir a eficácia da vacina é preciso que a doença esteja circulando, para que se possa saber se ela pode proteger de forma eficiente. É um estudo experimental, não sabemos se a vacina funciona. Para que a gente teste é preciso ter o número correto de pessoas e aquelas que possam trazer essa resposta para nós”, diz. Após a seleção, os voluntários serão atendidos no ambulatório do Hospital das Clínicas e receberão duas doses da vacina com intervalo de 15 dias.
O custo da testagem no Brasil é de R$ 85 milhões, pagos pelo governo. A CoronaVac é uma das vacinas contra o novo coronavírus em fase mais adiantada de testes. Ela já está na terceira etapa, chamada clínica, de testagem em humanos. O laboratório chinês já realizou testes do produto em cerca de mil voluntários na China, nas fases 1 e 2. Antes, o modelo experimental aplicado em macacos apresentou resultados expressivos em termos de resposta imune contra as proteínas do vírus.
A vacina é inativada, ou seja, contém apenas fragmentos do vírus, inativos. Com a aplicação da dose, o sistema imunológico passaria a produzir anticorpos contra o agente causador da covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus. No teste, metade das pessoas receberão a vacina e metade receberá placebo, substância inócua. Os voluntários não saberão o que vão receber.
O acordo com o laboratório chinês prevê que, se a vacina for efetiva, o Brasil receberá 60 milhões de doses fabricadas na China para distribuição. De acordo com o governo estadual, o instituto está adaptando uma fábrica para a produção da vacina. A capacidade de produção é de até 100 milhões de doses. Primeiro, receberão a vacina profissionais da saúde e pessoas dos grupos de risco, coomo idosos e pacientes com comorbidades, e depois será destinada a todos os brasileiros através do Sistema Único de Saúde (SUS).