As duas irmãs siamesas Maria Ysabelle e Maria Ysadora, de 2 anos, que nasceram unidas pela cabeça, passam pela terceira cirurgia de separação dos crânios neste sábado, 4 de agosto. Previsto para começar às sete horas da manhã, o procedimento cirúrgico deve demorar cerca de oito horas e, a exemplo das duas operações já realizadas, envolverá cortes para a separação de partes do crânio do mesmo tamanho, como vasos e veias.
A cirurgia será no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto – vinculado à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Trinta profissionais de diferentes áreas estão envolvidos neste processo, entre eles o médico norte-americano James Goodrich, referência mundial no assunto. Todo o processo de separação das irmãs só está sendo possível por causa de uma parceria entre a Faculdade de Medicina da USP e o Montefiore Medical Center de Nova York, Estados Unidos.
A primeira cirurgia foi realizada em 17 de fevereiro e a segunda, em 19 de maio. Com a parceria, exames complexos de ressonância magnética foram enviados à equipe do neurocirurgião James Goodrich, no Montefiore Medical Center. Os diagnósticos possibilitaram a criação dos moldes tridimensionais que auxiliam a equipe nas cirurgias. Vale ressaltar que Goodrich dedicou sua carreira a casos complexos como o das irmãs siamesas e já realizou vinte cirurgias de sucesso em todo mundo.
Na quarta cirurgia, considerada pelos especialistas como a mais delicada e complexa, será realizada a separação definitiva dos crânios das meninas. Prevista para o mês de novembro, será o procedimento mais demorado porque envolverá a reconstrução do crânio, uma vez que as gêmeas são unidas pelo topo da cabeça. O couro cabeludo da região occipital – em cima da nuca – será implantado na parte superior da cabeça e a área que ficará sem a pele receberá enxertos retirados de outras partes do corpo.
Trajetória de luta
Naturais do distrito cearense de Patacas, distante 35 quilômetros de Fortaleza, as irmãs siamesas Maria Ysabelle e Maria Ysadora, estão sendo acompanhadas por uma equipe multidisciplinar de aproximadamente 30 profissionais do Hospital das Clínicas. Entretanto, a luta dos pais das meninas para separá-las começou no Ceará, com o neurocirurgião pediátrico Eduardo Juca. Ao tomar conhecimento do caso das irmãs, alguns meses após o nascimento delas, ele passou a fazer o acompanhamento médico das meninas.
Em função da complexidade do caso, decidiu encaminhar as duas para o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, onde ele estudou. Jucá foi aluno da Faculdade de Medicina da USP Ribeirão Preto e se especializou neurocirugia pediátrica. Todo processo de separação das meninas é custeado pelo Sistema Unificado de Saúde (SUS). Nos Estados Unidos, um processo de separação como o delas custa cerca de R$ 9 milhões.