O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP/USP) iniciou os testes da nova vacina contra o coronavírus nesta quinta-feira, 30 de julho. O HC é o primeiro centro de estudo no interior paulista a iniciar os testes da CoronaVac no Brasil. Esta é a terceira fase de testes em humanos do potencial imunizante, fruto de uma parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Sinovac Life Science (Sinovac Biotech), da China.
O intensivista Ademir Neca foi o primeiro a receber o imunizante. Às 11h52 desta quinta-feira, a enfermeira Simone Garcia fez a aplicação da dose. Com 22 anos de experiência em enfermaria, sendo dez deles na área de aplicação de vacinas do HC, a profissional considerou o momento histórico. Em vídeo disponibilizado pela assessoria de imprensa do Hospital das Clínicas, Simone Garcia diz que “é a vacina da minha vida. A marca para a minha carreira. A população está dependendo dessa aprovação e a torcida é grande para que dê tudo certo”.
Os dez primeiros voluntários que receberam a dose da vacina chinesa passam bem e não apresentaram nenhuma reação, segundo o professor Eduardo Barbosa Coelho, do Departamento de Clínica Médica do HC e coordenador do estudo. O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto selecionou 500 voluntários para receber a primeira dose da vacina.
Ao todo, os testes com a CoronaVac serão realizados em nove mil voluntários recrutados em doze centros de pesquisas de seis estados brasileiros. Os candidatos são enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem e outros profissionais de saúde que atuam no atendimento direto aos pacientes com coronavírus. Eles estão em boas condições de saúde e não contraíram o vírus.
No caso das candidatas mulheres, elas não podem estar grávidas. Apenas profissionais da saúde que ainda não tiveram a doença e que atuam com pacientes com covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus, podem participar dos testes. Para atender aos critérios, esses profissionais da saúde não podem ter outras doenças e nem estarem em fase de testes para outras vacinas.
De acordo com o professor Eduardo Barbosa Coelho, a cidade foi escolhida por possuir um centro de excelência e ter o vírus em circulação. A previsão do governo paulista é de que essa fase de testes da vacina seja concluída nestas doze instituições até meados de setembro e a expectativa é de iniciar a vacinação no começo de 2021. A vacina é aplicada em duas doses, com intervalo de 14 dias. Algus pacientes receberão placebo, mas não serão informados.
Caso seja comprovado o sucesso, ela começará a ser produzida pelo Instituto Butantan. Mais de um milhão de pessoas se candidataram para ser voluntárias nos testes da CoronaVac. O custo da testagem no Brasil é de R$ 85 milhões, pagos pelo governo. A CoronaVac é uma das vacinas contra o novo coronavírus em fase mais adiantada de testes. Ela já está na terceira etapa, chamada clínica, de testagem em humanos.
O laboratório chinês já realizou testes do produto em cerca de mil voluntários na China, nas fases 1 e 2. Antes, o modelo experimental aplicado em macacos apresentou resultados expressivos em termos de resposta imune contra as proteínas do vírus. O acordo prevê que, se a vacina for efetiva, o Brasil receberá 60 milhões de doses fabricadas na China para distribuição.
De acordo com o governo estadual, o instituto está adaptando uma fábrica para a produção da vacina. Primeiro, receberão a vacina profissionais da saúde e pessoas dos grupos de risco, como idosos e pacientes com comorbidades, e depois será destinada a todos os brasileiros através do Sistema Único de Saúde (SUS).
AstraZeneca
A empresa farmacêutica AstraZeneca afirmou em nota que está obtendo bons resultados com relação aos testes da segunda fase de sua vacina contra a covid-19. No comunicado, Pascal Soriot, diretor executivo (CEO) da farmacêutica britânica, afirmou que “nossa empresa montou uma resposta significativa ao covid-19, com capacidade para fornecer mais de dois bilhões de doses de AZD1222”.
O executivo ressaltou também o forte desempenho da empresa no primeiro semestre. A vacina contra covid-19 da AstraZeneca é considerada por muitos como a principal candidata depois que testes de estágio inicial em humanos mostraram que ela é segura e gerou uma reação imunológica. A vacina já está na fase de testes em larga escala em seres humanos.