Enquanto a corrida para desenvolver um imunizante contra a Covid-19 ganhava intensidade em laboratórios de todo o mundo em 2020, hackers norte-coreanos tentaram obter uma fórmula já pronta. A vítima foi a farmacêutica Pfizer. A afirmação é do Serviço Nacional de Inteligência (NIS) da Coreia do Sul e foi revelada pela mídia local.
O objetivo dos criminosos era obter informações secretas sobre a vacina desenvolvida pela empresa em parceria com a BioNTech e sobre tratamentos contra a doença causada pelo novo coronavírus. Ha Tae-keung, deputado integrante do Comitê de Inteligência da Assembleia Nacional da Coreia do Sul, diz que a tentativa ocorreu “por meio de um ataque cibernético contra a Pfizer”. Segundo ele, a Coreia do Sul detectou um aumento de 32% nas tentativas de invasão vindas da Coreia do Norte.
Ainda não está claro se o ataque à Pfizer foi bem-sucedido e se alguma informação da farmacêutica foi roubada pelos hackers. Em novembro de 2020, a Microsoft informou que pelo menos nove organizações de saúde, incluindo a Pfizer, foram alvos de ataques vindos de grupos apoiados pela Coreia do Norte e pela Rússia. Segundo a empresa a maioria das tentativas falhou.
As associações envolvidas nas invasões são as norte-coreanas Zinc e Cerium, e a russa Fancy Bear. O governo da Rússia nega ter tentado roubar pesquisas de imunizantes de outros países. Os EUA acusam hackers chineses de atacar desenvolvedores de vacinas e a Coreia do Sul diz que evitou uma tentativa norte-coreana de invadir sistemas de empresas que atuavam na criação de imunizantes no ano passado.
Segundo especialistas, a Coreia do Norte tem um verdadeiro exército de hackers. Eles costumam tentar invadir empresas, instituições e centros de pesquisa da Coreia do Sul. Os fundos obtidos nos ataques cibernéticos ajudam a financiar os programas nuclear e balístico do país. Nos últimos meses, a Coreia do Norte teria roubado mais de US$ 300 milhões em criptomoedas.
Sem vírus, mas com vacina
O país fechou as fronteiras em janeiro de 2020, quando o novo coronavírus começou a se espalhar velozmente na China. Kim Jong Un, o líder norte-coreano, diz que não foram registrados casos de Covid-19 por lá.
Mesmo assim, a Coreia do Norte encomendou 2 milhões de doses do imunizante do laboratório AstraZeneca, desenvolvido em parceria com a Universidade de Oxford, no Reino Unido. As doses devem chegar nas próximas semanas.
As informações são da Gavi Alliance e representam a primeira confirmação oficial de que o país pediu ajuda internacional. A Coreia do Norte não tem infraestrutura sanitária para gerenciar uma pandemia.
Fonte: Washington Post/BBC