Em uma última tentativa de manter o ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, no governo, o presidente Jair Bolsonaro ofereceu a ele o comando da embaixada de Roma, na Itália. A proposta, segundo interlocutores do Planalto, foi levada a Bebianno no sábado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni , após um encontro que teve com o presidente no Palácio da Alvorada. O convite foi recusado pelo ministro.
Na noite anterior, Bolsonaro propôs que Bebianno ocupasse uma diretoria da Hidrelétrica de Itaipu. O ministro declinou do convite. Em entrevista no sábado, Bebianno confirmou que recebeu a proposta para Itaipu e disse que não aceitou porque não apoiou Bolsonaro “para ganhar dinheiro” e “nem precisa de emprego”.
Na noite de sexta-feira, após uma conversa tensa entre o presidente e o ministro, começou a circular a informação que Bolsonaro já teria assinado a exoneração de Bebianno. A saída do ministro não foi confirmada no Diário Oficial da União (DOU) publicado nesta segunda-feira. O governo ainda pode publicar edição extra do DOU.
Bebianno enfrenta um processo de desgaste intensificado por denúncias envolvendo justamente supostas irregularidades na sua gestão à frente do caixa eleitoral do PSL, partido dele e de Bolsonaro. A crise foi amplificada pelo vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, que foi às redes sociais dizer que Bebianno mentiu ao falar que havia conversado três vezes com o presidente na última terça-feira. A declaração foi dada para negar que ele estava protagonizando a crise. Na semana passada, políticos e militares atuaram para tentar debelar a crise e evitar a demissão.
Na sexta-feira, durante uma reunião no Palácio do Planalto, Onyx disse a Bebianno que ele ficaria no governo, mas foi alertado a permanecer em silêncio. Bebianno nega responsabilidade pelas supostas candidaturas laranjas e afirma que pode provar que não mentiu.
O empresário Paulo Marinho, principal conselheiro de Bebianno durante a crise, afirmou que o ministro demissionário voltará a advogar. Ele, no entanto, não descartaria seguir na vida política e até mesmo disputar as eleições municipais no Rio em 2020.