O candidato à Presidência da República pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Guilherme Boulos, visitou a redação do jornal Tribuna na tarde desta terça-feira, 21 de agosto. Em campanha pela região, ele falou sobre vários temas, inclusive sobre a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso em Curitiba (PR) em decorrência da Operação Lava Jato. Formado em filosofia e com mestrado em psiquiatria, já foi professor da rede pública e é um dos coordenadores nacionais do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
O movimento social, em evidência na recente cena política nacional, tem entre suas frentes de ação a ocupação de imóveis e terrenos ociosos em grandes cidades. Esta é a primeira vez que Boulos disputa uma eleição. Na recente pesquisa do Ibope, divulgada na segunda-feira (20), o candidato do PSOL aparece com 1% das intenções de votos. Sobre um eventual apoio caso não passe para o segundo turno, Boulos é enfático: “Pretendo estar no segundo turno”.
Índice nas pesquisas
“Estamos crescendo e com os debates na televisão, que são a oportunidade de falar para o grande público no Brasil, vamos mostrar nossas propostas e crescer nas intenções de votos. Temos uma campanha muito forte nas redes sociais e nossa candidatura foi a que mais cresceu nas redes sociais. Temos 350 mil seguidores engajados. Existem pessoas que têm mais de um milhão de seguidores porque comprou o pacote com o impulsionamento do Faceboock”.
Habitação
“No Brasil há mais casa sem gente do que gente sem casa. Temos 6,3 milhões de famílias sem casas e 7,9 milhões de imóveis abandonados. Vamos fazer o Estatuto das Cidades ser cumprido, ou seja, desapropriar imóveis abandonados nas regiões centrais, principalmente, para requalificar e construir moradias populares. Isso é lei no Brasil, mas até hoje isso não foi feito porque significa enfrentar interesses de grandes construtoras e especuladores imobiliários. Vamos dar dignidade para as pessoas poderem ter sua casa próxima ao trabalho e a escola, por exemplo. Os dados sobre famílias sem casa e imóveis desocupados são da Fundação João Pinheiro que fornece estes dados oficiais para o Ministério das Cidades.”
Geração de emprego
“Nenhum país nunca saiu da crise e gerou empregos sem que houvesse investimento público. O nosso programa Levanta Brasil vai investir R$ 180 bilhões e criar seis milhões de empregos em dois anos. Este projeto vai juntar duas necessidades brasileiras. De um lado a geração de empregos formais e do outro o investimento em serviços públicos como, saúde, mobilidade, educação e moradia.”
Imigração de venezuelanos
“O que aconteceu em Roraima foi uma barbárie. Famílias – independentemente de onde nasceram – serem escorraçadas, rechaçadas e humilhadas. Isto é inadmissível e contraditório com a índole generosa do brasileiro. Vamos fazer a Lei de Imigração ser cumprida no Brasil. Esta lei é de acolhimento e não feita para criminalizar quem imigra. Estive em Roraima há dois meses, conversei com os venezuelanos e constatei que ninguém está lá porque deseja. Eles estão lá fugindo de uma gravíssima crise política e econômica na Venezuela. O que aconteceu em Roraima tem uma cota de responsabilidade da governadora daquele estado e da imprensa que difundiram a xenofobia.”
Redução do tempo de campanha para 45 dias
“A redução só favorece aqueles que já ocupam cargos eletivos e têm muito dinheiro. Esta redução, aliás, foi proposta e aprovada pelo Congresso Nacional sob a condução do ex-deputado Eduardo Cunha. É uma tentativa de manter as coisas como estão. Mas, felizmente o nível de descontentamento dos brasileiros com a velha forma de se fazer política, com marqueteiros, é muito grande. Tenho viajado pelo país e tenho constatado isto.”
Lula candidato
“Defendo o direito o ex-presidente Lula ser candidato. Ele foi condenado sem apresentação de nenhuma prova e apenas com delações premiadas. A seletividade desta condenação fica evidente quando se compara sua condenação com outras figuras políticas deste país. O Lula está preso em Curitiba, enquanto o Temer com gravação em que ele compra o silêncio do ex- deputado Eduardo Cunha está governando o Brasil. Enquanto o senador Aécio Neves com gravação dele pedindo R$ 2 milhões para o empresário Joesley Batista está no Senado Federal e concorrerá a deputado federal por Minas Gerais.”