Tribuna Ribeirão
Política

Guedes diz que Previdência é ‘fábrica de desigualdades’

Fernando Frazão/Agência Brasil

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ontem (3) que o atual modelo de Previ­dência é uma “fábrica de desi­gualdades” e que a proposta do governo pretende retirar privilé­gios. Ele citou como exemplo o valor médio das aposentadorias dos deputados e dos servidores na Câmara dos Deputados, que segundo o ministro é 20 vezes superior à aposentadoria média do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

“A aposentadoria média [na Câmara] é 20 vezes a apo­sentadoria média do INSS. A aposentadoria do INSS é R$ 1,3 mil. A aposentadoria média nesse ambiente é de R$ 28 mil. A nossa reforma tenta justa­mente endereçar esses proble­mas. Com escala progressiva [nas alíquotas de contribuição], estamos removendo privilé­gios”, declarou o ministro, em audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.

Aposentadoria rural
Respondendo a questiona­mentos sobre a aposentadoria rural, o ministro disse que a categoria entrou na reforma para combater fraudes. Ele ci­tou dados do Instituto Brasi­leiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostram que 16% da população brasileira vive no campo, mas os trabalha­dores rurais respondem por cerca de 30% das aposentado­rias do INSS e 60% do déficit da Previdência. Ele disse que o Congresso pode retirar as mu­danças de regra da Previdên­cia, desde que mantenha a eco­nomia de R$ 1 trilhão em dez anos prevista com a proposta.

Ele também mencionou que o governo pretende rever a política de subsídios e de de­sonerações, porém somente depois da aprovação da refor­ma da Previdência. “Diversas questões podem ser resolvidas na reforma tributária, mas a gente tem que atacar primeiro o que está destruindo o Brasil”, declarou o ministro.

Em relação à proposta de reduzir o valor do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para R$ 400 e antecipar a idade mínima para 60 anos, o ministro esclareceu que a proposta não mexerá no direito adquirido de quem atualmente recebe o be­nefício de um salário mínimo, pago a partir dos 65 anos para famílias de baixa renda. “Não se mexeu em direito adquirido. Queremos dar uma possibili­dade de antecipação [para 60 anos]”, explicou Guedes.

BPC
Pela reforma em tramitação, o BPC para os futuros benefi­ciários começaria em R$ 400 a partir dos 60 anos e só subiria para um salário mínimo a par­tir dos 70 anos. O ministro disse que essa idade foi sugerida não por ele, mas pela equipe técnica. Ele, no entanto, disse que o Con­gresso é soberano para derrubar as mudanças e que o benefício é importante para ativar a econo­mia em regiões pobres.

Em relação à reivindicação de alguns deputados de incluir idades mínimas de aposenta­doria diferenciada por regiões, Guedes esclareceu que os regi­mes de Previdência não levam em conta a expectativa total de vida, mas a estimativa de sobre­vida de quem completa a idade de aposentadoria. “Quem chega à idade de se aposentar tem so­brevida igual, seja no Nordeste, seja no Sul. A média [da expec­tativa de vida] é mais baixa em algumas regiões por causa da morte de jovens e de crianças, mas a Previdência analisa o tem­po restante de vida de quem se aposenta”, justificou.

Desconstitucionalização
O ministro negou ainda que a reforma da Previdência queira transferir direitos da Constitui­ção para uma lei complementar. “O que a gente quer desconsti­tucionalizar [tirar da Constitui­ção] são parâmetros [mínimos de aposentadoria], não direitos. Os direitos estão preservados. Nenhuma constituição do mun­do, nem da Venezuela, nem da Bolívia, tem parâmetros para a Previdência”, contestou.

A reforma da Previdência propõe que a idade mínima de aposentadoria seja retira­da da Constituição e regulada por lei complementar, subindo de acordo com a evolução da expectativa de vida a partir de 2024 e, a partir daí, a cada qua­tro anos. Se a expectativa de vida após os 65 anos para ho­mens e 62 para mulheres subir, haverá ajuste na idade mínima na proporção de 75% sobre os meses de aumento. Por exem­plo, se a expectativa de vida subir em 12 meses, a idade mí­nima sobe em 9 meses.

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