Tribuna Ribeirão
Política

Grupo faz proposta para o Lar Santana

ALFREDO RISK/ARQUIVO

As entidades que integram o grupo SOS Lar Santana vão apresentar, na próxima segunda­-feira, 8 de novembro, uma pro­posta de preservação e ocupação do prédio a autoridades munici­pais e população. O evento será realizado às 19 horas, na sede da Associação Comercial e Indus­trial de Ribeirão Preto (Acirp).

A proposta foi construída a partir de sugestões colhidas por integrantes do movimento junto a várias instituições da sociedade civil e foi executada pela arquiteta Gabriela Pal­meira, que integra o grupo de voluntários. A ideia do projeto é apresentar à prefeitura de Ri­beirão Preto – dona do imóvel – a proposta de criação de um espaço multidisciplinar, que envolva a oferta de cursos de formação profissional, música e oficinas de artesanato.

Também estão previstos projetos de história oral, que permitam o aproveitamento das memórias de cidadãos da tercei­ra idade – em grande número na região da Vila Tibério – e o compartilhamento com crian­ças e jovens, como forma de se reforçar os laços entre pessoas e local, fortalecendo o sentimento de comunidade.

Uma das propostas-base é a criação de um Café Cultural, localizado no térreo do imóvel, com o objetivo de tornar possí­vel a ocupação noturna do pré­dio, a geração de recursos – ain­da que mínimos – destinados ao autofinanciamento do espaço.

A ideia do café está assente em dois grandes eixos: Experi­ências Gastronômicas e Encon­tros com a Cultura, com a apre­sentação de grupos musicais e de teatro, sessões de leitura de livros, contações de histórias do bairro e da cidade. O Lar Santa­na fica na rua Conselheiro Dan­tas nº 984, na Vila Tibério, Zona Oeste da cidade.

O grupo de entidades que formam o SOS Lar Santana tam­bém entende ser importante que toda a mão de obra utilizada no café seja preferencialmente local e alvo de projetos de qualificação profissional, vindos de parcerias com instituições interessadas em participar da ideia.

A cerimônia de apresenta­ção da proposta de restauro/re­qualificação do Lar Santana será aberta, gratuita e não é necessá­ria inscrição prévia para partici­par. O grupo SOS Lar Santana é formado por empresários, historiadores, advogados, pro­fissionais liberais e represen­tantes de instituições como a Acirp, Associação de Mora­dores da Vila Tibério (Amovi­ta), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entre outras.

História
Fundado em 18 de janeiro de 1948, o Lar Santana nasceu com a missão de acolher crian­ças carentes. O orfanato sobre­viveu durante décadas, até que em dezembro de 2014 a Ordem das Franciscanas anunciou sua desativação. Em 2015 a congre­gação optou pelo fechamento, já que o prédio de mais de 70 anos exigia um elevado investimento para a renovação do alvará do Corpo de Bombeiros.

No mesmo ano o prédio foi tombado pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac). A Câmara aprovou a lei ordinária munici­pal nº 13.432, de 22 de janeiro de 2015, instituindo o imóvel como patrimônio cultural, histórico e arquitetônico do município. Em 2016, o Legislativo aprovou a permuta do imóvel com dois terrenos municipais de valor de mercado equivalente (cerca de R$ 6 milhões) – lei complemen­tar nº 2.791, de 31 de agosto.

O Lar Santana tem grande valor histórico por sua impor­tância para a Vila Tibério e tam­bém por ter ocorrido lá a única prisão de uma religiosa feita pelo regime militar – em 1969, a dita­dura prendeu a madre Maurina Borges da Silveira, depois tortu­rada e vítima de assédio sexual na delegacia seccional de Polícia. Seus torturadores foram inclu­sive excomungados pela Igreja Católica. Libertada, banida do país e asilada no México, madre Maurina retornou ao Brasil e fa­leceu em 2011.

O agora prédio público municipal localiza-se no qua­drilátero das ruas Conselheiro Dantas, Aurora, Jorge Lobato e Conselheiro Saraiva, totali­zando 7.863,38 metros quadra­dos, tendo sido avaliado em R$ 5.970.954,13. Madre Maurina Borges da Silveira, a freira pre­sa, acusada de subversão, tor­turada e banida do país duran­te a ditadura militar, morreu em março de 2011, em Ara­raquara, onde vivia num con­vento de sua comunidade, a Congregação das Irmãs Fran­ciscanas da Imaculada Con­ceição. A freira tinha 84 anos e sofria do mal de Alzheimer.

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