Existe vida após a morte? Existe vida em outros planetas? No aspecto religioso, se a primeira pergunta for feita a um seguidor da Doutrina Espírita, a resposta será afirmativa. A mesma afirmação será evidenciada se a segunda pergunta for feita a um ufólogo. Mas, as duas têm alguma ligação? Para algumas correntes dentro do espiritismo, sim, elas caminham próximas.
O próprio francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, que adotou o pseudônimo de Allan Kardec, considerado o criador da Doutrina Espírita e um dos pioneiros na pesquisa científica sobre fenômenos paranormais e mediunidade, no século XVIII, faz algumas citações interessantes sobre o assunto, principalmente em uma das suas publicações mais importantes, a Gênese: “Se transportarmos além da nossa nebulosa, veremos que nos cercam milhões de sóis e um número ainda maior de planetas habitados”…”Aquele que vem de vosso sistema depara-se com a ação de outras leis regendo as manifestações de vida. Os novos caminhos que se apresentam em tão singulares regiões abrem-nos surpreendentes perspectivas”… “O deserto inimaginável estende-se além das estrelas, lá em condições diferentes das do vosso planeta, novos mundos revelam-se e desdobram-se em forma de vida que as vossas concepções não podem imaginar, nem vossos estudos comprovar”.
A Gênese foi publicada em 1868. De lá para cá, passados um século e meio, a Doutrina Espírita cresceu. Teses, mitos e hipóteses sobre vida em outros planetas promovem debates interessantes. Os assuntos, sem dúvida, aguçam a curiosidade. Em Ribeirão Preto, os dois temas são debatidos, discutidos e apresentados a quem não tem ou busca mais informações.
Graduado em Ciências da Informação e da Documentação, com bacharelado em Biblioteconomia pela USP e técnico em Controle Ambiental pela Faculdade Estácio de Sá, Marcos Aurélio Tinoco, de 45 anos, é um dos maiores disseminadores da união dos dois temas. Tinoco promove encontros periódicos e propaga o assunto com vídeos e publicações pelas redes sociais.
Tinoco conta que, desde os sete anos de idade, nutre interesse pela Doutrina Espírita e pelas principais obras do espiritismo. “Mas, por volta de 1987, anos 14 anos, eu tive acesso a uma fita K7 com uma fala atribuída ao comandante espacial Ashtar Sheran. Logo em seguida adquiri um exemplar da revista UFO, em uma banca de jornais e ai não parei mais de me ler livros, revistas e, mais recentemente, artigos e vídeos na Internet. Portanto há quase 40 anos que reconheço meu interesse pelo assunto: vida inteligente com origem em outros planetas e que visitam o planeta Terra”, conta.
Ele diz que no início não teve a percepção que Espiritismo e Ufologia tinham correlação. “Eu estava mais interessado na ufologia casuística que se preocupa basicamente com vestígios e provas materiais da presença de extraterrestres em nosso planeta. Mesmo para mim o tema Ufologia Espiritualista ou Exotérica é um pouco recente”.
Em novembro do ano passado ele criou um grupo de encontro mensal aberto ao público em geral, denominado “Ufologia e Espiritualidade”. O assunto rendeu, com reuniões que contaram com participação de mais de 60 pessoas. “Chegamos a formar um grupo de estudos composto por dez pessoas. Esse encontro mensal ocorreu ininterruptamente durante dez meses (até o mês passado) e também passamos a realizar mais um encontro mensal fechado somente para os membros do grupo e inclusive com intuito de fazer vigílias ufológicas periódicas”, relata. “Os encontros mensais tinham duas horas de durações. Nos primeiros encontros eu preparava apresentações e palestrava cerca de 60 minutos e depois fazíamos dinâmicas como meditação e tentativa de contato psíquico/ telepático”, explica.
Tinoco teve que parar com tais encontros. Apesar do afastamento, ele mantém vivo o interesse, mas ao invés de ser presencial, optou pelas redes sociais. Criou uma fanpage no Facebook e um canal no YouTube. Ambos denominados ‘Ufosofia’.
Outra forma encontrada de manter viva a discussão foi por meio de palestras. Elas acontecem uma vez por mês, sempre na última terça-feira do mês das 20h às 21h, no Centro Espírita da Casa de Bethânia (Rua André Rebouças, 1434 – Ipiranga).
Sobre preconceitos. Tinoco diz que percebe em algumas situações. “A maioria das pessoas está muito envolvida com seus próprios problemas cotidianos para poder admitir a existência de civilizações extraterrestres mais avançadas que a nossa. Já entre os espíritas ou os espiritualistas essa possibilidade é mais admissível, mas como em todo lugar, sempre pode haver um pouco de preconceito. É normal”, finaliza.