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Servidores: Greve vai para dissídio coletivo

A greve dos servidores pú­blicos de Ribeirão Preto, suspen­sa em 3 de maio depois de 23 dias de paralisação e protestos, será definida por meio de dis­sídio coletivo – ação trabalhis­ta que será julgada pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP). A cate­goria anunciou a trégua com a prefeitura na esperança de que a reabertura da negociação re­sultasse na apresentação de uma proposta de reajuste salarial, o que não ocorreu.

No final da tarde desta quarta-feira (8), a Comissão de Política Salarial da prefeitura re­cebeu o a comissão de negocia­ção do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis (SSM/ RP), juntamente com o presi­dente da entidade, Laerte Carlos Augusto, na sede da Secreta­ria Municipal da Educação, no Morro do São Bento, para tentar um acordo, mas nenhuma ofer­ta de reajuste foi apresentada – o governo Duarte Nogueira Jú­nior (PSDB) insiste em congelar os salários para não ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Nenhuma proposta formal foi apresentada, apenas a pro­messa de não descontar os dias parados dos grevistas se eles concordarem com a reposição das horas não trabalhadas. No início da noite, a categoria se reuniu para uma assembleia na sede do sindicato e recusou a oferta, que será formalizada nesta quinta-feira (9) para apre­sentação de relatório ao desem­bargador Artur Marques da Sil­va Filho, vice-presidente do TJ/ SP, em audiência de conciliação marcada para as 13 horas.

Os servidores seguem em estado de greve – o período de paralisação em 2019 já é o mais longo da história do funcionalis­mo municipal e o terceiro segui­do na atual gestão. Na audiência desta tarde, o vice-presidente do Tribunal de Justiça vai designar um desembargador-relator para o caso. Depois, o relatório será apresentado ao colegiado da Corte Paulista, que vai julgar so­bre a legalidade do movimento paredista – se é abusivo ou não. A prefeitura corre o risco de ser obrigada a repor as perdas inflacionárias e a categoria tam­bém corre o risco de ficar sem aumento e ainda descontado os dias parados.

Ribeirão Preto tem 9.204 funcionários na ativa e mais 5.875 aposentados e pensionis­tas que recebem seus benefícios pelo Instituto de Previdência dos Municipiários (IPM). O prefeito Duarte Nogueira já disse que não pode conceder reajuste por­que o município ultrapassou o limite prudencial de 54% de gas­to com pessoal estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) – atingiu 55,86% por cau­sa dos repasses feitos ao IPM, que neste ano deve chegar a R$ 340 milhões.

A folha de pagamento da prefeitura é de aproximadamen­te R$ 61,1 milhões mensais, e a do órgão previdenciário gira em torno de R$ 40 milhões. Ainda na manhã desta quarta-feira, o colegiado do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE -SP) suspendeu a sessão justa­mente quando deveria votar o recurso da prefeitura contra o relatório de Sidney Estanislau Beraldo, conselheiro que man­dou a administração contabi­lizar os repasses ao IPM como despesa com pessoal. A decisão só deve ser anunciada no dia 15.

Em nota enviada à redação do Tribuna, a prefeitura infor­ma que “a Comissão de Políti­ca Salarial recebeu a diretoria e membros do Sindicato dos Servidores, reabrindo o diálo­go, na tentativa de conciliação com a categoria. Reiterou o impedimento legal, e ratificou que não dispõe de condições financeiras e orçamentárias para conceder reajuste salarial, neste momento.”

E prossegue: “Manteve o ca­nal aberto para discutir em mo­mento oportuno quando as con­dições não forem impeditivas a reajustes. No entanto, qualquer tentativa de conciliação restou infrutífera. Assim, os represen­tantes da administração estarão amanhã (hoje) na reunião mar­cada pelo TJ/SP para nova me­diação via Judiciário”.

A prefeitura já disse que não discute itens financeiros. Além disso, entende que a suspen­são da greve é “o primeiro pas­so para o fim do impasse”. Diz também que “a administração municipal apresentou, publica­mente, os dados referentes aos impedimentos prescritos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e a impossibilidade orça­mentária e financeira que o mu­nicípio apresenta, no momento.”

E prossegue: “A adminis­tração municipal ressalta ainda que, o retorno ao trabalho, por parte dos servidores, repre­senta um ganho à população.” O texto indica que nenhuma proposta de reajuste salarial será apresentada pelo gover­no Duarte Nogueira Júnior (PSDB), que enfrenta a terceira greve seguida da categoria desde que assumiu o Palácio Rio Bran­co, em janeiro de 2017.

A data-base da categoria é 1º de março. Os servidores pedem reajuste de 5,48%. São 3,78% de reposição da inflação acumu­lada entre fevereiro de 2018 e janeiro deste ano, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indexador oficial usado pelo Instituto Brasileiro de Geogra­fia e Estatística (IBGE) –, e mais 1,7% de aumento real. O mesmo percentual (5,48%) é cobrado sobre o vale-alimentação da ca­tegoria e no auxílio nutricional dos aposentados e pensionistas.

Em 23 de abril, o juiz Gusta­vo Müller Lorenzato, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto, que concedeu duas limi­nares em ações impetradas pela prefeitura e pelo Departamento de Água e Esgotos (Daerp) e restringiu a greve dos servidores municipais, anunciou incompe­tência do juízo de primeira ins­tância para avaliar movimentos paredistas e encaminhou o caso para o TJ/SP.

Ele suspendeu a multa di­ária de R$ 20 mil em caso de desobediência por parte do Sindicato dos Servidores, mas manteve as demais sanções. Uma das liminares determina a manutenção de 100% dos trabalhadores em atividade nas secretarias municipais da Saúde, Educação e Assistên­cia Social. A medida também prevê que sejam mantidos 50% dos funcionários nas demais repartições, inclusive com es­cala emergencial de trabalho para evitar danos à população.

No dia 10 de abril, o ma­gistrado já havia ampliado a quantidade de repartições do Daerp que devem manter 100% do efetivo. No total, as decisões atingem mais de 90% dos 850 funcionários da autarquia. Ele não proibiu piquetes, mas au­torizou o uso da força policial em caso de vandalismo ou vio­lência. Ribeirão Preto tem 9.204 funcionários na ativa e mais 5.875 aposentados e pensionis­tas que recebem seus benefícios pelo IPM.

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