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Gregório Duvivier traz ‘O Céu da Língua a RP

Dirigido por Luciana Paes, espetáculo é uma comédia sobre a presença quase invisível da poesia no nosso cotidiano     

Gregório Duvivier usa o seu discurso sedutor para convencer o público de que tropeçamos diariamente na poesia e o assunto é prazeroso e divertido (Divulgação)

Quem tem medo de poesia? Gregório Duvivier não faz parte deste grupo e, como um apaixonado, faz de tudo para persuadir os outros das qualidades do seu objeto de encanto – até mesmo criar um espetáculo sobre o assunto. No monólogo O Céu da Língua, uma comédia poética, o artista usa o seu discurso sedutor para convencer o público de que tropeçamos diariamente na poesia e o assunto é prazeroso e divertido.   
 
Gregório Duvivier levará “O Céu da Língua” ao Theatro Pedro II, em Ribeirão Preto, no dia 6 de abril, primeiro domingo do mês, às 19 horas. No aniversário de 500 anos de Luís de Camões (1524-1580), foi a peça de um brasileiro que roubou a cena em Portugal. Gregório Duvivier, que não estreava um espetáculo novo havia cinco anos, escreveu o texto para homenagear sua língua-mãe.  
 
Encontrou, ao fazer a peça, uma legião de pessoas que compartilham dessa paixão. “Gregório Duvivier é um artista completo, no sentido mais renascentista do termo”, disse Miguel Esteves Cardoso, o maior cronista de Portugal, no jornal O Público.   
 
“A poesia é uma fonte de humor involuntário, motivo de chacota”, reconhece o ator, que cursou a faculdade de Letras na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro e publicou três livros sobre o gênero literário. “Escrevi uma peça que pode ajudar alguém a enxergar melhor o que os poetas querem dizer e, pra isso, a gente precisa trocar os óculos de leitura”.   
 
A direção é da atriz Luciana Paes, parceira de Gregório no espetáculo de improvisação Portátil e nos vídeos do canal Porta dos Fundos. Se no seu solo anterior, Sísifo (2019), escrito junto com Vinicius Calderoni, Gregório subia uma grande rampa dezenas de vezes, agora, o que se tem é uma encenação desprovida de qualquer cenário.   
 
No palco, totalmente limpo, o instrumentista Pedro Aune cria ambientação musical com o seu contrabaixo, e a designer Theodora Duvivier, irmã do comediante, manipula as projeções exibidas ao fundo da cena. A cenografia é de Dina Salem Levy.  
 
Elisa Faulhaber e Brunella Provvidente assinam o figurino e a iluminação é de Ana Luzia de Simoni. O resto é só o comediante e sua devoção pelas palavras. “Acredito que o Gregório tem ideias para jogar no mundo e, com essa crença, a coisa me move independentemente de qualquer rótulo”, diz Luciana Paes, uma das fundadoras da celebrada Cia. Hiato, que estreia na função de diretora teatral.   
 
“O Céu da Língua” não é um recital. Por outro lado, garante Luciana Paes, a dramaturgia de Gregório não deixa de ser poética. “O stand-up comedy aqui é uma pegadinha pra falar de literatura”, como ela bem define. “A peça fica na esquina do poema com a piada”, arremata o ator.   
 
“O Gregório comediante está no palco ao lado do Gregório intelectual com seu fluxo de pensamento ininterrupto e por isso a plateia embarca na proposta”, explica a diretora, que compartilha com o ator a paixão pelo nome das coisas. “Graças aos seus recursos de ator, Gregório pega o público distraído. Ninguém resiste quando é surpreendido por alguém apaixonado.”   
 
Gregório, desde a infância, carrega uma obsessão pela palavra, pela comunicação verbal, pela língua portuguesa. Assim o protagonista brinca com códigos, como aqueles que, em sua maioria, só são decifrados por pais e filhos ou casais enamorados.   
 
As reformas ortográficas que tiram letras de circulação e derrubam acentos capazes de alterar o sentido das palavras inspiram o artista em tiradas bem-humoradas. O mesmo acontece quando ele comenta a ressurreição de palavras esquecidas, como “irado”, “sinistro” e “brutal”, que voltaram ressignificadas ao vocabulário dos jovens.  
 
E aquelas que só de ouvi-las geram sensações estranhas, a exemplo de “afta”, “íngua”, “seborreia”, ou outras, inventadas, repetidas à exaustão, como “atravessamento”, “disruptivo” ou “briefings”? Até destas Gregório extrai humor.   Para o artista, a língua é algo que nos une, nos move, mas raramente damos atenção a ela.  
 
É só pensar nas metáforas usadas no cotidiano – “batata da perna”, “céu da boca”, “pisando em ovos”. Nesta hora, usamos a poesia e nem percebemos. Para provar que a poesia é popular, Gregório chama atenção para os grandes letristas da música brasileira, como Orestes Barbosa e Caetano Veloso, citados em O Céu da Língua através das canções Chão de Estrelas (1937) e Livros (1997).  
 
“A massa ainda há de comer o biscoito fino que fabrico”, disse Oswald de Andrade. Infelizmente a literatura no Brasil nunca encheu estádios. Mas a palavra cantada, essa sim, ganhou multidões. “Foi a nossa música popular quem conseguiu realizar o sonho oswaldiano de levar poesia para as massas”, festeja o ator.   
 
Nesta cumplicidade com a plateia, Gregório mostra gradativamente que a poesia não tem nada de hermética e que a nossa língua não deve nada a nenhuma outra. Muito pelo contrário. Temos um manancial de poesia desperdiçada em cada conversa jogada fora.  
 
“Minha pátria é a língua portuguesa”, diz Fernando Pessoa. Caetano Veloso continua: “e eu não tenho pátria, eu tenho mátria e quero frátria“. Gregório constrói o espetáculo em torno dessa fraternidade, e nos lembra que, apesar de todas as nossas diferenças, temos uma língua em comum que nos irmana. E também pode nos fazer gargalhar.  
 
Ingressos Os ingressos para “O Céu da Língua”  custam R$ 120 (plateia A), R$ 100 (plateia B e frisa), R$ 80 (balcão nobre) e R$ 60 (balcão simples). A meia-entrada sai por R$ 60, R$ 50, R$ 40 e R$ 30, respectivamente. Estão à venda no site Mega Bilheteria (www.megabilheteria.com).  Para compra online h´taxa de administração.  
 
A meia também vale para estudantes, pessoa com deficiência e um acompanhante, idosos (pessoas com mais de 60 anos), diretores, coordenadores pedagógicos, supervisores e titulares de cargos do quadro de apoio das escolas das redes estadual e municipais, professores da rede pública estadual e das redes municipais de ensino 
 
O Theatro Pedro II informa que não é permitido crianças menores de 12 anos na fila A dos setores balcão nobre e balcão simples, por determinação do Ministério Público de São Paulo (MPSP), devido a altura do guarda corpo.  Ingressos para cadeirantes são destinados ao setor frisa do teatro. 
 
Não será permitida a entrada após o início do espetáculo, não havendo troca de ingresso e nem devolução do dinheiro. Para melhor conservação do Theatro Pedro II é proibido o consumo de bebidas e alimentos dentro das salas de espetáculos. Fica na rua Álvares Cabral nº 370, no Quarteirão Paulista, Centro Histórico de Ribeirão Preto.  
 
O local tem capacidade para 1.588 pessoas, mas parte foi interditada por segurança. Atualmente conta com 1.300 lugares. O telefone para mais informações é (16) 3977-8111. Ou acesse www.theatropedro2.com.br.. O espetáculo não é recomendado para menores de 14 anos. O espaço é o terceiro maior teatro de ópera do Brasil. O uso de máscara é opcional. 

Serviço 
Show:O Céu da Língua 
Com: Gregório  Duvivier 
Direção: Luciana  Paes 
Quando:  domingo, 6 de abril  
Sessão:  19 horas 
Classificação: 14 anos   
Onde: Theatro Pedro II 
Endereço: rua Álvares  Cabral nº 370,  Centro 
Telefone: (16)  3977-8111 
Capacidade:  1.300  
Informações: (16)  3977-8111 ou 
www.theatropedro2.com.br  
Ingressos 
Plateia A 
R$ 120 (inteira) 
e R$ 60 (meia) 
Plateia B e frisa 
R$ 100 (inteira) 
e R$ 50 (meia) 
Balcão nobre 
R$ 80 (inteira) 
e R$ 450 (meia) 
Balcão simples 
R$ 60 (inteira) 
e R$ 30 (meia) 
Vendas: guichê do teatro e site  
www.ingressodigital.com 
 

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