Tribuna Ribeirão
Economia

Governo vai antecipar o seguro-desemprego

JOSÉ PAULO LACERDA/CNI

Os trabalhadores que ga­nham até dois salários mínimos e tiverem redução de salário e de jornada por causa da crise do coronavírus receberão a an­tecipação de parte do seguro­-desemprego, anunciou nesta quinta-feira, 19 de março, o se­cretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco.

A complementação será equivalente a 25% do que o trabalhador teria direito men­salmente caso requeresse o seguro-desemprego. Segundo o Ministério da Economia, a medida custará R$ 10 bilhões, que virão do Fundo de Am­paro ao Trabalhador (FAT) e beneficiará mais de onze mi­lhões de pessoas. Por se tratar de uma antecipação do segu­ro-desemprego, o trabalhador receberá 75% do benefício quando for demitido.

Bianco anunciou que o go­verno pretende arcar com os 15 primeiros dias de afastamento caso o empregado contraia a co­vid-19. Atualmente, as duas pri­meiras semanas de afastamento são pagas pela empresa. O go­verno também concederá uma antecipação de R$ 200 a pesso­as com deficiência que estão na lista de espera para receberem o Benefício de Prestação Conti­nuada (BPC), pago a famílias de baixa renda. Essa medida bene­ficiará 470 mil pessoas e custará cerca de R$ 5 bilhões.

As mudanças, informou o secretário, serão enviadas ao Congresso Nacional por meio de projeto de lei. O governo tam­bém simplificará os protocolos e reforçará o atendimento virtual nas agências do Instituto Na­cional do Seguro Social (INSS). Todos os serviços, inclusive as perícias médicas, passarão a ser remotas. Segundo o secretário, o governo não restringirá o direito aos benefícios. Apenas tentará reduzir ao máximo a procura às agências do INSS.

“O público que visita as agências é formado por pessoas doentes ou incapacitadas para o trabalho, pessoas com defici­ência, idosos e a população vul­nerável do nosso país”, explicou. O atendimento remoto será re­forçado. As agências manterão plantão reduzido apenas para orientação e esclarecimento so­bre a forma de acesso aos canais de atendimento remoto. Em relação aos benefícios por in­capacidade ou auxílio doença, o benefício será concedido com base apenas no atestado do mé­dico particular.

O trabalhador com inca­pacidade ou doença poderá enviar o atestado do médico particular no sistema Meu INSS, disponível na internet e por smartphone, depois de preencher um cadastro. A par­tir daí, o tratamento do benefí­cio se dará sem a necessidade de perícia presencial enquanto durarem as restrições à circu­lação de pessoas. “Neste mo­mento de crise, benefício será concedido rapidamente com base no atestado particular”, assegurou Bianco.

O INSS dispensará exigên­cias para resguardar o reconhe­cimento de direitos dos segu­rados e beneficiários, enquanto perdurar a emergência em saúde pública. Os servidores do órgão e os peritos médicos federais tra­balharão a distância, sujeitos a metas de desempenho. Eles po­derão reforçar a análise de bene­fícios para acelerar a concessão. Atualmente, explicou o Ministé­rio da Economia, 90 dos 96 ser­viços do INSS podem ser reque­ridos e concedidos pelo 135 ou pelo aplicativo Meu INSS.

Cadastro único
Além da prova de vida, o Ministério da Economia suspen­deu a exigência de inscrição no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) para o rece­bimento do Benefício de Pres­tação Continuada (BPC). Para requerer o auxílio emergência (voucher) de R$ 200, não é ne­cessário se inscrever no CadÚ­nico. Segundo a pasta, quem não estiver inscrito será alcançado pelo Cadastro Nacional de Infor­mações Sociais (CNIS) do INSS.

A medida tem como ob­jetivo evitar o deslocamento da população mais vulnerável aos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) de cada cidade. O Ministério da Economia orientou ainda os segurados do INSS a evitar sa­car os benefícios no banco. O INSS permitirá os saques por terceiros, por meio de procura­ção pública, sem a necessidade de averbação no órgão.

Queixas
Muitas pessoas reclamaram do INSS em Ribeirão Preto nesta quinta-feira. Apesar de ter anunciado a suspensão do atendimento em suas agências por 15 dias, como medida de contenção ao avanço do novo coronavírus, o órgão havia dito que atendimentos já agendados para três serviços “essenciais” continuariam sendo prestados.

Pessoas que procuraram o INSS de Ribeirão Preto para cumprimento de exigências de requerimentos de benefícios previdenciários e assistenciais, perícias médicas previdenciárias e avaliações e pareceres sociais dos benefícios previdenciários e assistenciais, porém, encontra­ram as agências fechadas.

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