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André Trindade será o líder do Governo na Câmara

JF PIMENTA/ ESPECIAL PARA O TRIBUNA

Duarte Nogueira Júnior (PSDB) anunciou, na manhã desta sexta-feira, 1º de feve­reiro, que o governo tucano terá um líder na Câmara de Vereadores pela primeira vez neste seu primeiro mandato como prefeito de Ribeirão Preto. Ele passou os dois pri­meiros anos (2017 e 2018) sem nomear uma liderança para fazer a ponte entre os palácios Rio Branco, sede da prefeitura, e o Antônio Ma­chado Sant’Anna, casa do Le­gislativo, e chegou a ser criti­cado até por aliados.


O escolhido para “nego­ciar” a aprovação de projetos do Executivo na Câmara é An­dré Trindade, do Democratas, partido da base aliada do go­verno. Com um líder no Le­gislativo, o tucano acredita que ficará mais fácil a articulação e, conseqüente, a aprovação de propostas de interesse da administração e da população. Sobre o fato de jamais ter no­meado uma liderança em seu mandato como prefeito, Du­arte Nogueira garante que, nos dois primeiros anos, entendeu que não precisava desta figura na Casa de Leis.

“Nunca tivemos uma maioria instituída, essa maioria foi construída com o diálogo. Nós temos nove vereadores que foram elei­tos pela minha coligação, outros 18 não foram. Tam­bém não utilizei de nenhum método que não fosse repu­blicano para dialogar com os vereadores. E isso foi bom para Ribeirão Preto, porque o Executivo cum­priu o seu papel, ciente de uma fiscalização institucio­nal importante da Câmara”, diz Duarte Nogueira.

Além de Trindade, tam­bém estavam cotados para o cargo os vereadores Elizeu Rocha (PP), Maurício Gaspa­rini (PSDB) e Rodrigo Simões (PDT), parlamentares com maior afinidade junto à admi­nistração municipal. No final de abril de 2017, quatro meses desde que assumiu a prefeitu­ra de Ribeirão Preto, Nogueira chegou a pensar em indicar um “colegiado” de líderes para tratar dos assuntos do Executi­vo na Câmara.

O secretário municipal de Governo e da Casa Civil, Nica­nor Lopes, chegou a dizer que a tradicional figura centraliza­dora deveria acabar na gestão tucana. O titular das duas pas­tas políticas mais importantes da administração disse que seu chefe poderia optar por um ca­minho diferente e contar com um “grupo de líderes” no Le­gislativo. A ideia, no entanto, não vingou.

Duarte Nogueira conse­guiu aprovar projetos impor­tantes para a cidade nestes dois anos, mas sofreu derrotas consideráveis no período. A revisão da Planta Genérica de Valores (PGV), a regulamen­tação do transporte público individual de passageiros por meio de plataformas e aplica­tivos (o popular “Projeto do Uber”), a cessão do prédio da Unidade Básica e Distritalde Saúde (UBDS) Central para transformar o local em Ambu­latório Médico de Especialida­des (AME) e outras propostas.


Primeiro desafio será o teto do IPM
O primeiro desafio de André Trindade (DEM) como líder do governo na Câmara será con­vencer os outros 26 parlamenta­res a votarem favoravelmente ao projeto do Executivo que cria o teto de aposentadoria e pen­sões para os novos servidores municipais que ingressarem no serviço público após a provável sanção da lei.

Se a proposta for aprovada, o valor máximo pago pelo Instituto de Previdência dos Municipiá­rios (IPM) será o praticado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) – atualmente de R$ 5.645,81. Caso o servidor deseje receber mais do que o teto quando se aposentar, terá de contribuir com um plano de previdência complementar.

O projeto deu entrada no Legis­lativo em 20 de novembro de 2018 e, por uma questão legal, terá de ser votado na sessão do dia 14 de fevereiro. Nesta data, por determinação do artigo 42 da Lei Orgânica do Município (LOM), os vereadores terão que analisar a proposta lei, pois terá terminado o prazo legal de 45 dias para apreciação.

Atualmente, o projeto está na Comissão de Constituição, Jus­tiça e Redação (CCJ) da Câmara, que terá seus novos mem­bros para o exercício de 2019 escolhidos na primeira sessão do ano, na próxima terça-feira (5). Nesta data também serão escolhidos os novos membros de todas as comissões perma­nentes da Casa de Leis, como por exemplo, a de Finanças e a de Obras e Serviços.

Vereadores devem votar con­tra – O Tribuna apurou que o projeto que estipula teto para o IPM não agrada grande parte dos vereadores, que devem votar contra a proposta caso ela vá a plenário. Ainda há dúvidas em relação ao processo de migração para o novo sistema de aposentadoria proposto pelo governo.

Os parlamentares argumentam que o projeto deixa brechas que poderiam atingir os atuais servidores e não somente os contratados a partir da apro­vação da legislação. Também questionam porque a previdên­cia complementar escolhida pela prefeitura foi a Fundação de Previdência Complementar do Estado de São Paulo, a quem in­cumbirá administrar e executar o plano de benefícios de caráter complementar.

Defendem que deveria ser feita uma licitação. Por fim, citam dúvidas em relação ao déficit atuarial, apresentado no projeto: R$ 15 bilhões. Vale lembrar que o déficit atuarial corresponde à insuficiência de recursos para cobertura dos compromissos dos planos de benefícios, caso todos servidores municipais se aposentem de uma vez. Existe a possibilidade do projeto ser retirado pelo governo.

Dados do IPM – Recente levan­tamento feito pelo Tribuna junto ao Instituto de Previdência dos Municipiários (IPM) revelou que 36,2% dos aposentados e pen­sionistas municipais recebem acima do teto máximo, de R$ 5.839,45, pago por mês pela Previdência Social para quem se aposenta pelo INSS. Isto signifi­ca que dos 5.832 aposentados e pensionistas do município, mais de dois mil recebem benefícios acima deste valor.

Já dos 14.850 servidores – incluindo os da ativa, aposenta­dos e pensionistas –, 6.547, ou 44%, recebem acima do teto da Previdência Social. Para cobrir o déficit do Instituto de Previdên­cia dos Municipiários previsto para 2019, a prefeitura garante que terá que repassar R$ 320 milhões este ano para o órgão previdenciário.

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