A administração Duarte Nogueira (PSDB) entrou com pedido de liminar na Justiça de Ribeirão Preto para tentar suspender a greve do funcionalismo público municipal. A categoria decidiu, em assembleia geral realizada no dia 31 de março, parar por tempo indeterminado a partir da zero hora de segunda-feira, 10 de abril.
Por causa do ponto facultativo no Judiciário, nesta quinta-feira (6), o pedido foi encaminhado para o plantão e até o fechamento desta edição não havia sido julgado, o que poderá acontecer até a segunda-feira. Fazem parte dos serviços considerados essenciais as áreas que envolvem cinco secretarias.
Essenciais
A lista traz as pastas da Educação, da Saúde, de Água e Esgotos, Assistência Social e a Divisão de Bem-Estar Animal (DBEA), ligada à Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Para defender a concessão de liminar, a prefeitura apela ao artigo 11 da lei federal número 7.783 de 1989, a Lei de Greve.
Diz o artigo: “Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade”.
Prazo
O Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis (SSMRPGP) diz que comunicou a prefeitura na última segunda-feira (3), com 72 horas de antecedência, e organizou a manutenção de 30% do efetivo nos serviços considerados essenciais.
O prazo conta desde terça-feira (4). Como esta sexta-feira, dia 7, é feriado da Paixão de Cristo (Semana Santa/Páscoa), a greve só começa na segunda-feira. A Comissão de Política Salarial, manteve a proposta de reajuste de 6% para os servidores, que recusaram a oferta.
A proposta de 6% envolve a correção da inflação acumulada em doze meses medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, indexador oficial de preços no Brasil). Esse percentual já havia sido rejeitado pela categoria em assembleia realizada na noite de 21 de março.
A correção de 6% também atingiria o vale-alimentação e o auxílio nutricional pago a aposentados e pensionistas do Instituto de Previdência dos Municipiários (IPM). Outros itens propostos tratam da equiparação do tíquete-alimentação para quem faz jornada de doze por 36 horas e a correção na base de cálculo do auxílio insalubridade.
Pauta
O funcionalismo de Ribeirão Preto quer reajuste salarial de 16,04% este ano, segundo o presidente do SSM/RPGP, Valdir Avelino. São 10,25% de aumento real – com base na evolução de crescimento da arrecadação municipal – e mais 5,79% para repor as perdas inflacionárias do ano passado, quando o IPCA fechou em 5,79%.
Data-base
A data-base do funcionalismo público ribeirão-pretano é 1º de março. Os servidores também querem pedido de reposição de 20% no vale-alimentação e o pagamento de abono para todos os trabalhadores da ativa e inativos, no valor de R$ 600, pelo período de um ano. Atualmente, o vale-refeição dos servidores que cumprem jornada de 40 horas semanais é de R$ 978.
Com o aumento, passaria para R$ 1.173,60. Nos itens gerais, a categoria pede o pagamento de licença-prêmio para todos os servidores com o abono vencido, de preferência no mês de aniversário do trabalhador, e a compra de dez dias de férias. O sindicato justifica os dois pedidos devido ao que chama de “quadro reduzido de funcionários”.
Ano passado
Ribeirão Preto tem 14.970 servidores na ativa e 6.400 aposentados e pensionistas que recebem benefícios do Instituto de Previdência dos Municipiários (IPM). No ano passado, os servidores tiveram aumento de 10,60%, retroativo a 1º de março (data-base), referente à inflação acumulada em doze meses, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O mesmo percentual incidiu sobre o vale-alimentação dos servidores da ativa e para o auxílio nutricional dos aposentados e pensionistas. Além disso, em dezembro, a prefeitura deu um abono de R$ 500 para cada um dos servidores municipais da ativa, no vale-refeição. A concessão atingiu oito mil trabalhadores da administração direta e indireta, ao custo de R$ 5 milhões.
Outro lado
A administração Duarte Nogueira (PSDB) emitiu nota ao Tribuna para falar sobre a negociação com os servidores. Diz que “a Comissão de Política Salarial, após analisar todos os indicadores, entre eles o atual quadro orçamentário da Prefeitura de Ribeirão Preto, projeções de receita e despesas e análises”, propôs o reajuste de 6%.
Afirma que a análise foi feita “para evitar o comprometimento com gastos com pessoal, em respeito aos limites da Lei Complementar nº 101/2000, Lei de Responsabilidade Fiscal, definiu o valor do reajuste salarial em 6% e o mesmo percentual de aumento para o vale-alimentação dos servidores municipais.”
E prossegue: “Vale ressaltar que a proposta está acima do índice inflacionário (IPCA), que fechou em 5,79%. Além disso, a média salarial dos servidores municipais de Ribeirão Preto está entre as mais altas do Estado de São Paulo. O Sindicato não aceitou esta proposta e, lamentavelmente, declarou greve. A Administração Municipal tomará todas as medidas cabíveis para a manutenção dos serviços essenciais da população”, finaliza.