Tribuna Ribeirão
Economia

Governo reduz alíquota do IPI em 25%

O governo publicou em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) desta sexta­-feira, 25 de fevereiro, decreto que reduz a alíquota do Im­posto sobre Produtos Indus­trializados (IPI) em 25%. De acordo com a Secretaria-Geral da Presidência, a renúncia de arrecadação com as mudan­ças adotadas representa uma diminuição da carga tributária de R$ 19,5 bilhões para o ano de 2022, de R$ 20,9 bilhões para o ano de 2023 e de R$ 22,5 bilhões para o ano de 2024.

A redução é uma tentativa do governo de impulsionar a indústria e a venda de produ­tos como linha branca e auto­móveis. Como o IPI tem na­tureza regulatória, a alíquota pode ser mudada por decreto, sem passar pelo Congresso Nacional e sem necessidade de compensar com corte de gastos ou aumento de outros impostos. De acordo com o Ministério da Economia, as novas alíquotas passam a vigo­rar imediatamente.

Em nota, a Secretaria-Geral da Presidência da República ressalta que a arrecadação de tributos federais bateu recorde em janeiro de 2022. “Há, por­tanto, espaço fiscal suficiente para viabilizar a redução ora efetuada, que busca incentivar a indústria nacional e o comér­cio, reaquecer a economia e gerar empregos”, diz a nota. A equipe econômica também en­tendeu que não haveria empe­cilho relativo ao ano eleitoral, uma vez que a legislação per­mite a concessão de gratuida­des, o que não é o caso.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Auto­motores (Anfavea), entidade que representa as montadoras instaladas no País, considerou “bem-vinda” a redução das alí­quotas do IPI. “É sempre muito bem-vinda qualquer proposta que alivie a pesada carga tribu­tária que incide sobre a indús­tria de transformação no Bra­sil, sabidamente uma das mais elevadas do mundo”, comenta, em nota, o presidente da Anfa­vea, Luiz Carlos Moraes.

Já o Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Es­tados e do DF (Comsefaz) di­vulgou nota criticando o corte no IPI ao defender que a me­dida “causa prejuízo ao finan­ciamento de serviços públicos estaduais e municipais”. De acordo com a entidade, a prá­tica brasileira já mostrou que a iniciativa “aponta para dois equívocos”: não há resultado satisfatório para incentivar a indústria e não há aumento estrutural da arrecadação que justifique a redução de receitas, de acordo com o Comsefaz.

Para o comitê, a medida con­corre também para o “desequilí­brio fiscal de estados e municí­pios e deve fragilizar o resultado consolidado do setor público (que inclui União, estados, mu­nicípios e algumas estatais)”. A preocupação dos entes se dá porque o IPI, apesar de ser um imposto federal, tem parte de sua arrecadação destinada a estados e municípios.

Segundo as regras, 21,5% do que arrecada destina-se ao Fundo de Participação dos Es­tados (FPE), e um agregado de 25,5% ao Fundo de Participa­ção dos Municípios (FPM). De acordo com o comitê, com o va­lor de corte anunciado hoje pelo governo, os entes subnacionais arcarão com R$ 12,5 bilhões, sendo R$ 4,5 bilhões no FPE, R$ 5,3 bilhões no FPM e 2,1 bilhões no Imposto sobre Produtos In­dustrializados, proporcional às exportações (IPI-Exp), além de impactos no Fundeb.

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