O governo de São Paulo divulgou estimativa, nesta terça-feira, 14 de abril, de que já chega a 100 mil o número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus no estado. A estimativa foi feita pelo secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, durante entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, ao ser questionado sobre a subnotificação de caso.
“Pelas próprias características da covid-19, no seu contingente total de casos confirmados, 20% irão para o atendimento hospitalar. São esses que estão testados aqui”, disse o secretário, referindo-se ao total de testes que aguardam confirmação para a doença e que estão sendo feitos em uma rede de clínicas coordenadas pelo Instituto Butantan.
O instituto tem uma fila de cerca de 20 mil testes, nesta terça-feira (recebeu uma carga de mais de 726 mil exames, vinda da Coreia do Sul, para tentar reduzi-la. “Então, se você for pensar em uma epidemia do ponto de vista global, são cinco vezes o que está internado, porque o índice de 20% internado faz parte da própria patologia.”
Germann continuou: “Se hoje nós temos 20 mil pessoas internadas, temos 100 mil acometidos da patologia. Porém, todos esses 80% não aparecem porque, primeiro de tudo, eles não apresentam sintomas, não apresentam necessidade de tratamento, muito menos de tratamento hospitalar.” Ele disse que os municípios de maior risco são aqueles da região metropolitana, no interior paulista e litorais. O secretário afirmou que o estado possui sete mil leitos de terapia intensiva, sendo que cerca de 3,7 mil são para adultos e o restante se destina às áreas de pediatria e neonatal.
O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, destacou que esse total de casos confirmados se dá como resultado do isolamento social praticado há duas semanas, quando a crise começou. Mas que esse número poderá crescer dentro das próximas duas semanas, caso o isolamento seja relaxado. Esses 80 mil possíveis infectados, se não permanecerem em casa, poderão fazer com que a doença continue se espalhando.
“A subnotificação existe e vai existir em todos os países do mundo”, afirmou Covas, ao destacar que os exames mostram “o retrovisor”, trazendo à luz o total de pessoas que se infectaram, adoeceram e foram testadas. “Precisamos adiantar os testes para ter uma visão da realidade”, disse, ao apontar, por outro lado, que é importante acompanhar as projeções da evolução da doença, sendo que elas é que podem indicar que medidas precisam ser adotadas para evitar o colapso do sistema de saúde.
Sobre os 726 mil testes que chegaram a São Paulo, Dimas Covas afirmou que a logística é centralizada e que serão distribuídos conforme a necessidade dos 34 laboratórios que compõem a rede – entre eles o Instituto Adolfo Lutz, o Hospital das Clínicas e o Hemocentro de Ribeirão Preto. Segundo ele, existem mais laboratórios em processo de habilitação. “A perspectiva é que esse quantitativo seja suficiente para os próximos três meses”, disse. A prioridade para realização dos testes são os óbitos, casos graves e profissionais da saúde.
O estado investiu R$ 148 milhões em importação de máscaras e testes de coronavírus. Os produtos são essenciais para atendimento e diagnóstico de pacientes com covid-19, bem como para a segurança dos profissionais de saúde. O primeiro lote importado é composto por 726 mil testes sul-coreanos para ampliação da capacidade diária de processamento de exames. No total, o governo de São Paulo importou 1,3 milhão de testes para diagnóstico (PCR) da Coreia do Sul.
Apenas para essa finalidade, foram investidos R$ 85 milhões. O segundo lote, com mais 575 mil novos testes sul-coreanos, deverá chegar a São Paulo ainda neste mês. Além do reforço na importação, o Butantan possui mais 90 mil testes, além de 44 mil enviados pela Fiocruz. O estado também comprou da China um total de 15 milhões de máscaras cirúrgicas e mais três milhões de máscaras N-95. O investimento na importação das máscaras totaliza R$ 63 milhões.