Tribuna Ribeirão
Política

Governo desiste de editar novo indulto

Após encontro do ministro da Justiça, Torquato Jardim, com o presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu, o titular da pasta afirmou, por meio de nota publicada nesta tarde de sexta-feira, 29, que o governo não vai editar um novo decreto de indulto de Natal.

O primeiro foi suspenso parcialmente pela presidente do Supremo Tribunal Fede­ral (STF), Cármen Lúcia, na quinta-feira, 28, após solici­tação da Procuradorira-Geral da República sob o argumento de que o benefício favoreceria a impunidade.

“O governo aguarda, em face do exposto, que o Supre­mo Tribunal Federal possa decidir o mais breve possí­vel sobre o tema”, diz o texto. O titular da Justiça disse na quinta, 28, antes da decisão de Cármen Lúcia, que não havia chance de recuo, “salvo por or­dem judicial” do Supremo.

Ao todo, 3 dos 15 arti­gos e 2 incisos do decreto foram suspensos por meio de liminar concedida pela ministra em Ação Direita de Inconstitucionalidade (ADI) proposta pela procuradora­-geral da República, Raquel Dodge. São eles: o indulto para quem cumprisse só um quinto de qualquer tipo de pena ou crime, a concessão do benefício para quem havia recebido pena restritiva de di­reito (prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica, por exemplo), para quem está em livramento condicional ou no regime aberto, para quem não tinha sentença definitiva em seu processo e o perdão de multas pela reparação de danos, como as definidas para réus em casos da Lava Jato.

A suspensão dos trechos deve valer até o exame do mi­nistro Luís Roberto Barroso, relator do caso no STF, ou pelo plenário do Supremo. O STF volta às atividades no dia 1° de fevereiro de 2018.

Segundo auxiliares do presidente, uma das possibi­lidades diante da suspensão do decreto estabelecida por Cármen Lúcia seria adequar o texto aos termos da decisão proferida pela ministra.

Na nota desta sexta, o Mi­nistério da Justiça diz que o governo “jamais praticou ato qualquer de restrição ou ini­bição à Operação Lava Jato. Ao contrário, apoia todas as investigações em curso” e que o indulto é “tradição humani­tária praticada todos os anos e favorece condenados por cri­mes não-violentos”. “Enten­deu, todavia, a senhora pre­sidente do Supremo Tribunal Federal que três das 27 hipó­teses do indulto são incompa­tíveis com a independência e harmonia dos poderes”, com­pleta o texto.

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