O novo comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, afirmou hoje que o presidente Jair Bolsonaro encontrará dificuldades no início da gestão, como “reações corporativas” e “inconformismo”. Nomeado hoje por Bolsonaro, Bermudez classificou como “verdadeiramente diferente” o governo do ex-deputado e capitão da reserva do Exército, há quatro dias no cargo.
“O documento que define a conduta do governo federal nessa sua fase inicial deixa claro que dificuldades irão surgir, seja pelo receio às mudanças, seja pela escassez de recursos, ou mesmo provenientes da reação corporativa ou do inconformismo com um governo verdadeiramente diferente. Entretanto, o próprio documento evidencia que nada disso será suficiente para impedir o avanço do nosso País”, afirmou o brigadeiro Bermudez, ao assumir o comando na Base Aérea de Brasília.
Bermudez afirmou que a missão da Aeronáutica é “defender a pátria, garantir os poderes constituídos e, por demanda desses, assegurar a garantia da lei e da ordem”. Ele prometeu que a força vai “interagir com os segmentos verdadeiramente comprometidos com o desenvolvimento do País, sendo um dos vetores de pronta resposta aos clamores da sociedade”.
Novos rumos
Em seu discurso, o brigadeiro associou o governo Bolsonaro a uma expectativa por “novos tempos, valores distintos e mentalidade diferente, outra visão de mundo”.
Diante do governo com maior participação de militares desde a redemocratização, Bermudez falou em zelo com “a higidez e a intelectualidade” do efetivo e pediu aos comandados atenção aos deveres constitucionais. Diversos oficiais das Forças Armadas têm manifestado preocupação com o risco de politização das tropas e com a identificação da gestão Bolsonaro como um governo militar.
“Rogo para que todos persigam os itens colimados sem timidez e sem descuido, mantendo suas mentes voltadas para a missão constitucional da defesa do solo que seus pés pisam”, disse o comandante à tropa.
Bermudez afirmou aos demais comandantes, da Marinha (Ilques Barbosa Junior) e do Exército (Edson Pujol), que enfrentarão dilemas teóricos e práticos, mas que “o colegiado da maior da Aeronáutica saberá alcançar o consenso entre a certeza e a verdade”.