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Governo ainda avalia ‘mínimo’

VALTER CAMPANATO/AG.BR.

O salário mínimo de R$ 1.320, que consta no Orçamento de 2023, será negociado com as centrais sindicais, disse o minis­tro da Fazenda, Fernando Had­dad, na noite de quinta-feira, 12 de janeiro. Ele não garantiu que o novo valor possa entrar em vi­gor ainda este mês.

Haddad afirmou que o go­verno ainda avalia se o salário mínimo será ou não reajusta­do dos atuais R$ 1.302 para R$ 1.320 neste ano, e que se trata de uma “decisão política”. Segundo o ministro, não ocorreu des­cumprimento de promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Não tem nenhum pacto rompido. O compromisso de campanha era com o aumen­to real, que já aconteceu. O presidente cumpre sua palavra nesse ano, e cumprirá nos pró­ximos três anos”, disse. “Pre­cisamos reestimar o que vai acontecer com a rubrica para submeter à decisão política.”

Conforme medida provisó­ria editada em dezembro pelo antigo governo, o salário míni­mo em 2023 está em R$ 1.302. Esse valor, segundo Haddad, re­presenta reajuste 1,4% acima da inflação do ano passado. “O sa­lário mínimo atual é 1,4% maior que a inflação acumulada desde o último reajuste”, rebateu.

Os R$ 6,8 bilhões destinados pela Emenda Constitucional da Transição mostraram-se insufi­cientes para bancar o aumento dos benefícios do Instituto Na­cional do Seguro Social (INSS) atrelados ao salário mínimo. A forte concessão de aposentado­rias e pensões no segundo se­mestre do ano passado criou um impacto maior que o estimado para os gastos do INSS.

“O relator [do Orçamento], depois que o projeto foi enca­minhado ao governo federal, reforçou o orçamento do Minis­tério da Previdência em R$ 6,8 bilhões. Só que esse recurso foi consumido pelo andar da fila do INSS [redução da fila de pedi­dos]. A partir do início do pro­cesso eleitoral, a fila começou a andar”, reclamou Haddad.

Segundo o ministro, a ace­leração da inclusão consumiu os R$ 6,8 bilhões. “Pedimos para a Previdência refazer os cálculos, para repassar na mesa de negociação que será aberta com os sindicatos. O presiden­te cumpre a palavra este mês e cumprirá a palavra este ano [sobre a valorização do salário mínimo acima da inflação]”, acrescentou o ministro.

De acordo com cálculos preliminares da equipe econô­mica, além dos R$ 6,8 bilhões, o governo precisaria de R$ 7,7 bilhões para bancar o aumen­to do salário mínimo para R$ 1.320 ainda em janeiro. O nú­mero seria apresentado pelo Ministério da Previdência no início desta semana, mas a di­vulgação do impacto foi adiada depois que extremistas invadi­ram as sedes dos Três Poderes no último domingo (8).

Parte dos representantes da equipe econômica defende que o aumento para R$ 1.320 seja adiado para o feriado de Primei­ro de Maio, Dia do Trabalhador. A decisão final, no entanto, só sairá após a negociação do Palá­cio do Planalto com as centrais sindicais. Para cada R$ 1 de au­mento no piso, são mais R$ 388 milhões de impacto nas contas do governo. É que boa parte das despesas, principalmente da Previdência Social, é vinculada ao valor do salário mínimo.

Em dezembro, o salário mínimo ideal necessário para suprir as despesas de um traba­lhador e da família dele deveria ser de R$ 6.647,63, ou 5,48 vezes o piso nacional de R$ 1.212. Os dados têm por base o preço da cesta básica de São Paulo (SP), de R$ 791,29, a mais cara obser­vada pela pesquisa mensal do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeco­nômicos (Dieese).

O valor estimado pelo Die­ese bancaria as despesas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. Em dezembro de 2021, o salário mínimo necessário seria de R$ 5.800,98, ou 5,27 vezes o valor vigente na época (R$ 1.100).

O Dieese calcula que, em dezembro, seriam necessárias 122 horas e 32 minutos para que um trabalhador que re­cebe o mínimo legal pudesse comprar o conjunto de itens da cesta básica e outros produtos e serviços. No mesmo mês de 2021, a jornada necessária era de 119 horas e 53 minutos.

Quando se compara o cus­to da cesta com o salário míni­mo líquido, ou seja, após o des­conto referente à Previdência Social (7,5%), verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em dezembro, 60,22% do piso para comprar os alimentos bá­sicos para uma pessoa adulta. No mesmo período de 2021 ficou em 58,91%.

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