O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes chamou o procurador-geral da República de “desastrado” e o acusou de querer envolver a ele e toda a Corte no episódio da delação de Joesley Batista, que agora pode ser anulada por “omissões gravíssimas”. Gilmar está em Paris e, por telefone, disse que tentou se cometer uma “indignidade” com o STF e que isso foi reforçado com a não divulgação dos áudios que citariam ministros da Corte.
Sem meias palavras, Gilmar disse que a Procuradoria-Geral da República (PGR) terá que ser reconstruída com a saída de Janot. Ao ser perguntado sobre uma segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, o ministro disse que toda decisão de Janot a partir de agora estará “sob suspeita”.
“Eles tentaram arrastar o STF para a lama em que eles se meteram. Essa atitude tem que ser repudiada. Ele armou isso para atingir o STF. Esse processo todo é desastroso, um fracasso. A PGR terá que ser reconstruída e essa será a tarefa da procuradora Raquel Dodge. A PGR virou, com Janot, uma mula sem cabeça. Mas a institucionalidade no Brasil é muito forte. O Brasil sobreviveu a um desastrado na PGR. Temos que ter fé no nosso destino. O que ele tentou fazer no episódio revela sua total falta de escrúpulo”, disse.
Gilmar não quis falar sobre o caso do presidente Michel Temer, mas respondeu a uma pergunta sobre uma eventual denúncia. Há ministros que acreditam que o procurador deveria esclarecer primeiro os fatos envolvendo a delação da JBS.