Tribuna Ribeirão
Política

Gestão Dárcy Vera – Tribunal rejeita mais uma conta

JF PIMENTA

O Tribunal de Contas do Esta­do de São Paulo (TCESP) rejeitou as finanças de 2016 do governo da ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido). Nos oito anos em que ficou à frente do Palácio Rio Bran­co, de 2009 a 2016, a ex-chefe do Executivo – detida desde maio do ano passado em Tremembé e condenada a 18 anos, nove meses e dez dias de prisão por organização criminosa e pecu­lato em uma das ações penais da Operação Sevandija (ela nega a prática de crimes) – teve seis con­tas rejeitadas pelos conselheiros.

Eles julgaram irregulares os exercícios de 2010, 2012, 2013, 2014 e 2015 – esta última ainda em fase recurso – e, agora, 2016. Ape­nas os balanços de 2009 e 2011, do primeiro mandato de Dárcy Vera, foram aprovados. A decisão sobre o último ano do governo Dárcy Vera, quando a força-tarefa formada pelos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Or­ganizado (Gaeco) e por agentes da Polícia Federal (PF) foi deflagrada – em 1º de setembro –, foi anunciada em 25 de setembro. As denúncias de corrupção não foram determi­nantes para a rejeição dos balanços.

Os conselheiros do TCE citam no relatório o caos financeiro e ad­ministrativo do município: o órgão aponta que Dárcy Vera encerrou o mandato arrecadando menos que o previsto, deixando um déficit finan­ceiro de R$ 291,4 milhões, calote em fornecedores e “desequilíbrio” orçamentário. A relatora Renata Constante Cestari diz em seu pa­recer que “o município se mostrou insolvente em relação à dívida de curto prazo, na medida em que para cada R$ 1 de dívida havia apenas R$ 0,25 à sua quitação”.

A prefeitura estimou receita 19% superior ao que foi de fato arre­cadada em 2016 (R$ 350 milhões a menos), o que, segundo a conselhei­ra, é “bastante ruim, na medida em que provoca a reavaliação de todo o plano de investimentos, obrigando ao corte de despesas e consequen­te prejuízo na realização das políti­cas públicas em prol do desenvol­vimento e melhoria da qualidade de vida da população”.

Agora, o parecer do TCE será le­vado à votação pela Câmara de Ve­readores e em seguida deve ser en­caminhado ao Ministério Público Estadual (MPE). O Legislativo já re­jeitou, em 2016, as contas relativas a 2013 e 2012. As de 2014 e 2015 estão pendentes para votação. O tribunal também julgou a responsabilização de Marinho Sampaio (MDB) e Gláucia Berenice (PSDB) nas contas de 2016. O emedebista era vice de Dárcy Vera, mas renunciou após ela ser afastada pela Sevandija do cargo em dezembro. A tucana, que provi­soriamente era presidente da Câma­ra, acabou assumindo o Executivo. Segundo o TCESP, ambos não têm “responsabilidade da ocorrência das falhas verificadas, em virtude da conjuntura extraordinária que se observou no município”.

No primeiro semestre, Dárcy Vera ingressou com uma petição na corte para pedir a suspensão de todos os processos em que apa­rece como responsável, alegando estar presa e sem acesso aos órgãos públicos. Na mesma época, um le­vantamento do TCESP apontava 28 ações em julgamento em que a ex-prefeita aparecia como “ordena­dora de despesas”, ou seja, era res­ponsável pelas contas. Segundo a as­sessoria da corte, pode haver outros processos em que ela figure apenas como “representante da prefeitura”.

Sobre os processos de 2010, 2012 e 2013, os vereadores da épo­ca rejeitaram o parecer do TCESP em relação ao ano de 2010 e acata­ram os apontamentos feitos para as contas de 2012 e 2013. Em relação à prestação de contas de 2014, o tri­bunal apontou falhas como omissão de despesas e déficit financeiro de R$ 217,6 milhões e afirmou que o Executivo deixou de contabilizar ao menos R$ 58,3 milhões em dívidas com o Instituto de Previdência dos Municipiários (IPM) e com a Com­panhia de Desenvolvimento de Ri­beirão Preto (Coderp), alvo de uma das ações penais da Sevandija.

Em 2017, os 27 parlamentares da atual legislatura decidiram cassar os direitos políticos da ex-prefeita por quebra do decoro. Ela contes­tou, alegando que já não exercia o mandato de prefeita e duas de suas contas também já haviam sido re­provadas pelo Legislativo. Para a ex-chefe do Executivo, a decisão da Câmara foi política. A condenação na Sevandija reforçou a suspensão dos direitos dela por oito anos.

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