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Gêmeas deixam CTI de hospital  

Os pais das meninas estão muito confiantes e animados (Divulgação)

Após quatro semanas de internação no Centro de Terapia Intensiva do HC Criança, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP), as gêmeas craniópagas Allana e Mariah, de dois anos nove meses, foram transferidas para o quarto na tarde desta quinta-feira, 21 de setembro.
Em um mês, as meninas que nasceram unidas pela cabeça apresentaram um bom progresso na recuperação. Estão conscientes, brincam, se alimentam via oral e interagem entre si e com os pais, Talita e Vinícius Cestari. “É um importante passo, a fase mais complicada do pós-operatório já passou”, afirma o doutor Hélio Rubens Machado, chefe do setor de Neurocirurgia Pediátrica e líder da equipe.

“Os dois momentos mais decisivos são: a última cirurgia – a mais complexa –, em que ocorre a separação completa dos cérebros e a reparação dos crânios e peles das cabeças, e também o pós-operatório, com a observação rigorosa das crianças. Por 32 dias, cada etapa da recuperação delas foi acompanhada meticulosamente”, emenda.

Os pais das meninas estão muito confiantes e animados. A mãe, Talita Cestari, conta emocionada: “É uma sensação de gratidão, de etapa vencida e alegria ao ver cada pequena em uma cama. Nós entregamos e confiamos nos médicos, enfermeiros e equipe multidisciplinar as meninas. Agora, estamos vendo elas super bem, reagindo mais e mais a cada dia”.

A equipe médica também comemora cada passo importante do caso. Hélio Rubens Machado explica que a recuperação cirúrgica de crianças é melhor que a de adultos. “A evolução da Allana e da Mariah está sendo fantástica. A recuperação delas surpreende até a nossa equipe, que está habituada a lidar com problemas deste tipo”.

A equipe segue acompanhando as gêmeas na Enfermaria e agora planeja a alta hospitalar, que deve acontecer dentro de algumas semanas. A cirurgia de definitiva para separação das siamesas unidas pela cabeça foi realizada em 19 de agosto, teve duração de 25 horas e contou com a participação de 50 profissionais, entre médicos, enfermeiros, instrumentadores e equipe de apoio.

A primeira A incidência de gêmeos unidos pela cabeça é extremamente rara, representando um caso em cada 2,5 milhões de nascimentos.  No Brasil, a primeira separação de siamesas craniópagas, as gêmeas Maria Ysadora e Maria Ysabelle, ocorreu em outubro de 2018, após cinco procedimentos cirúrgicos, pela equipe do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto e HC Criança. 

Nos Estados Unidos, uma cirurgia de separação como a delas custa cerca de R$ 9 milhões. O caso foi acompanhado pelo médico norte-americano James Goodrich, referência internacional em intervenções com gêmeos siameses e que faleceu por covid-19 em 2020.

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