O Grupo Especial de Atuação de Educação (Geduc), por meio da Promotoria da Educação do Ministério Público Estadual (MPE) e da Defensoria Pública, quer que a prefeitura explique de forma detalhada como será o processo de retomada das aulas presenciais na Rede Municipal de Ensino, em Ribeirão Preto. O Geduc também quer saber como estão sendo ministradas as aulas online pelo município.
As aulas presenciais nas 108 escolas municipais estão suspensas desde o dia 23 de março em função da pandemia do novo coronavírus (covid-19) e ainda não existe previsão de quando serão retomadas. A Rede Municipal tem cerca de 48 mil estudantes matriculados nos ensinos Infantil e Fundamental.
Para levantar, analisar todos esses dados e corrigir possíveis falhas, o Geduc abriu um Procedimento Administrativo de acompanhamento, retorno das aulas presenciais e reorganização do calendário escolar e enviou um complexo e detalhado documento sobre o tema para a Secretaria Municipal da Educação. Também fez uma série de indagações sobre o assunto.
Com 35 páginas o documento é assinado pelo promotor da Educação, Naul Felca e contém desde indagações na área pedagógica, sobre higienização das unidades escolares, fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs) para alunos, funcionários e professores, até como será o protocolo adotado no caso de se detectar alguém com suspeita de coronavírus nas escolas municipais quando da retomada das aulas presenciais.
Entre os questionamentos feitos estão, por exemplo, quais foram os documentos científicos e materiais oficiais que a prefeitura está ou irá utilizar para embasar e fundamentar a previsão inicial de retorno das aulas presenciais da rede pública inicialmente prevista para o mês de julho. Entretanto, com o retrocesso de Ribeirão Preto no plano de flexibilização das atividades produtivas estabelecido pelo governo do estado de São Paulo, essa previsão acabou sendo prorrogada.
A promotoria sugere ainda a formação de uma comissão composta por várias secretarias para analisar como deverá ser feita a retomada. “É imprescindível a atuação inter setorial para uma intervenção rápida e eficaz, em cada uma das frentes de atuação. Uma vez que somente a Secretaria da Educação, muito provavelmente, não reunirá condições de atender à complexa demanda sozinha”, diz parte do documento.
A necessidade desta comissão, segundo o Geduc, tem como fundamentação o fato da retomada das aulas presenciais compreender ações que ultrapassam a atribuição da Secretaria da Educação. Como por exemplo, as questões relacionadas a adoção de medidas e ações extra escolar es que garantam a manutenção da saúde dos estudantes e de todos profissionais envolvidos neste processo.
O Geduc também cobra do município informações sobre a existência de um plano de retorno das aulas presenciais elaborado enquanto diretriz pela Secretaria Municipal de Educação. No caso dele existir é preciso que leve em consideração o fato de que haverá aglomeração, ainda que controlada, de crianças e demais profissionais em um ambiente fechado.
Neste caso a promotoria cobra do poder público, os documentos científicos e materiais oficiais que demonstrem a concretização de medidas de redução de riscos de contaminação.
Educação Infantil
Em relação à Educação Infantil o documento pede a apresentação de todos os protocolos referentes à saúde e higienização dos espaços e ambientes escolares, o percentual máximo de crianças por sala, o distanciamento mínimo que será adotado, o percentual máximo de crianças no refeitório, as áreas de recebimento e guarda de alimentos e áreas de manejo dos alimentos. Também exige informações sobre quantas vezes por dia serão realizados os procedimentos de higienização dos espaços escolares e se quem irá realizá-los possui capacitação adequada.
Ao Tribuna, a Secretaria Municipal da Educação informou que já trabalha para a construção de procedimentos e medidas necessárias para o retorno às aulas, inclusive na instituição de uma comissão com diversos entes ligados à educação, em consonância com o documento encaminhado pelo MP.
Algumas recomendações contidas no documento
Saúde – fornecer orientações, cursos e, principalmente apoio à saúde mental em face do estresse psicológico que estão suscetíveis professores, profissionais de saúde, crianças e seus familiares.
Assistência Social – dar suporte e desenvolvimento de ações efetivas e céleres com a Secretaria Municipal da Educação, visando atender, em seu espectro de atuação, todas as crianças e núcleos familiares que se encontrem em situação de vulnerabilidade social, independente de se encontrarem inclusos em cadastros de benefícios assistenciais ou emergenciais, bem como violências, abusos, famílias com integrantes com suspeita ou confirmação da doença.
Secretaria da Fazenda – desenvolvimento de projetos que permitam o acesso gratuito à internet e fornecimento ou, em último plano, aquisição de equipamentos (smarts, computadores, notes ou tablets, entre outros), para desenvolvimento das Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (TDICs) aos professores.
Coderp – considerada como polo de tecnologia de ponta na cidade e região, a Companhia deve ser utilizada para o desenvolvimento projetos de atividades à distância e educação remota, nas etapas admitidas, com preparo e formação dos professores e demais profissionais para o manejo do ferramental no ambiente virtual.
Conselhos Tutelares – dar suporte e ter atuação coordenada no que se refere a não frequência, evasão ou abandono de crianças, bem como nas questões de violências e abusos.
Guarda Civil Metropolitana – atendimento célere quando solicitada a sua presença nas unidades, para dar apoio, dentro do poder de polícia, às ações desenvolvidas pela Secretaria Municipal da Educação e demais secretarias, bem como os Conselhos Tutelares.