A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – indexador oficial de preços no país – fechou julho em alta de 0,12%, após deflação de 0,08% em junho, alta de 0,23% em maio e de 0,61% de abril. Já havia disparado 0,71% em março e 0,84% em fevereiro, ante 0,53% de janeiro, após encerrar 2022 com 0,62% em dezembro, informou na manhã desta sexta-feira, 11 de agosto, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa acumulada pela inflação no ano ficou em 2,99%, ante 2,87% até junho e 2,95% até maio, de acordo com o IBGE. O resultado acumulado em doze meses está em 3,99%, contra 3,16% até o mês anterior junho – o mais baixo desde setembro de 2020, quando estava em 3,14% –, menor que a taxa de 3,94% acumulada até maio.
O índice de julho teve a menor taxa positiva de variação desde outubro de 2022, aponta o analista André Guedes, gerente do IPCA no IBGE. A afirmação desconsidera as deflações registradas no período. O resultado de julho seria de deflação de 0,11% caso o item gasolina fosse excluído da leitura, calcula Guedes.
A maior contribuição individual para a alta partiu deste combustível (4,75%; impacto de 0,23 ponto percentual). O subitem subiu em todas as 16 regiões analisadas pelo índice. O analista associou o aumento do subitem à reoneração de impostos federais.
“A partir de 1º de julho, voltou a cobrança da alíquota cheia de PIS/Cofins sobre a gasolina, o que contribuiu para essa alta”, afirmou. Entre os subitens, acrescenta André Guedes, a gasolina tem o maior peso na cesta do IPCA, de 4,79%.
Ainda segundo Guedes, o avanço da gasolina explica o aumento do índice de difusão de produtos não alimentícios entre junho e julho, de 52% para 53%. Com o resultado, a gasolina acumula alta de 11,64% no ano e queda de 9,28% em doze meses.
A meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central é de 3,25%, que tem teto de tolerância de 4,75%. O IPCA fechou 2022 em 5,79% e, pelo segundo ano seguido, ficou acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Grupos
A alta da inflação foi puxada principalmente pelos transportes, que registraram alta de preços de 1,50% em julho. Os alimentos continuaram registrando deflação de 0,46% (queda de preços), ajudando a evitar uma alta maior do IPCA. Outro grupo que registrou deflação importante foi Habitação (-1,01%), devido principalmente à queda de 3,89% na energia elétrica residencial.
A queda da tarifa das contas de luz nas residências, aliás, foi o subitem que mais contribuiu para frear a inflação. Entre os outros grupos de despesa, quatro tiveram inflação: Artigos de residência (0,04%), Saúde e cuidados pessoais (0,26%), Despesas pessoais (0,38%) e Educação (0,13%). Comunicação teve estabilidade de preços e Vestuário apresentou deflação (-0,24%).
Alimentação e Bebidas
Os preços de Alimentação e bebidas caíram 0,46% em julho, após queda de 0,66% em junho. O grupo deu uma contribuição negativa de 0,10 ponto percentual para o IPCA. Entre os componentes do grupo, a alimentação no domicílio teve queda de 0,72% em julho, após ter recuado 1,07% no mês anterior.
Os destaques são o feijão-carioca (-9,24%), óleo de soja (-4,77%), frango em pedaços (-2,64%), carnes (-2,14%) e leite longa vida (-1,86%). No lado das altas, as frutas (1,91%) subiram de preço, com destaque para a banana-prata (4,44%) e para o mamão (3,25%).
A alimentação fora do domicílio subiu 0,21%, ante alta de 0,46% em junho, diante da desaceleração na alta de preços do lanche (0,49%) e da refeição (0,15%). Em junho, estes itens haviam registrado inflação de 0,68% e 0,35%, respectivamente.
Transportes
Os preços de Transportes subiram 1,50% em julho, após queda de 0,41% em junho. O grupo deu uma contribuição positiva de 0,31 ponto percentual para o IPCA. Os preços de combustíveis tiveram alta de 4,15% em julho, após recuo de 1,85% no mês anterior.
A gasolina subiu 4,75%, após ter registrado queda de 1,14% em junho, enquanto o etanol avançou 1,57% nesta leitura, após queda de 5,11% na última. O preço do óleo diesel caiu 1,37%, e as altas da passagem aérea (4,97%) e do automóvel novo (1,65%) também contribuíram para o resultado do grupo.