A chamada “gangue da marcha à ré” voltou a atacar na madrugada desta sexta-feira, 23 de agosto, na Zona Norte de Ribeirão Preto. Um bar e uma lanchonete foram invadidos pelo bando. Os bandidos fugiram com dinheiro e maços de cigarro e, até o fechamento desta edição, ninguém havia sido preso. Desde junho já são dez ocorrências deste tipo na cidade. Uma das ações foi registrada em um bar no cruzamento das ruas Espírito Santo e Rio Maroni, no Ipiranga.
Dois homens arrombaram a porta e levaram o dinheiro que estava no caixa. A dona do estabelecimento, que estava no local no momento do assalto, não contabilizou o valor do prejuízo. A comerciante afirmou que os criminosos fugiram assim que o alarme disparou. Ela não ficou ferida na ação. Ladrões também invadiram uma lanchonete na rua Romano Coró, no Parque Industrial Tanquinho, e fugiram levando dinheiro e maços de cigarro. Os estabelecimentos têm câmeras de segurança, mas os equipamentos não estavam funcionando.
Para o tenente coronel da reserva da Polícia Militar e consultor em segurança, Marco Aurélio Gritti, os principais fatores para o aumento dos casos são a facilidade com que os ladrões conseguem arrombar as portas de aço, o fato deste tipo de ação ser muito rápida e que para realizarem os furtos os bandidos não precisam fazer nenhum tipo de investimento, já que os carros usados geralmente são produtos de furto. Ele também lista ainda a facilidade com que os criminosos encontram receptadores para os objetos furtados.
Gritti destaca que uma medida preventiva eficiente é a colocação de obstáculos de concreto ou ferro em frente às lojas o que, com certeza, inibe a ação dos marginais. “Contudo, para aumentar o grau de dificuldade imposto aos marginais, seria importante a instalação de sensores internos de presença, bem como o monitoramento por câmeras. O ideal seria que as imagens fossem monitoradas em tempo real pelo dono do estabelecimento para o rápido acionamento da Polícia Militar”, explica.
Um exemplo de locais onde, segundo ele, este tipo de crime não tem sido constatado com freqüência é a região central, provavelmente em razão da existência das câmeras do programa “Olhos de Águia” da PM. Antes dos ataques desta sexta-feira, os últimos crimes foram contra duas empresas na noite do dia 4 (domingo) e na madrugada de 5 de agosto (segunda-feira), em regiões diferentes de Ribeirão Preto. Os alvos foram uma loja de roupas no Boulevard, na Zona Sul, e um galpão no Jardim Zara, na região Leste. Ninguém foi preso.
O assalto na boutique, localizada na rua Altino Arantes, foi cometido por ladrões usando um Ford Fiesta preto. O veículo destruiu a porta de acesso do estabelecimento. Eles levaram algumas peças do vestuário e uma TV. A loja tem câmeras de segurança instaladas e as imagens foram disponibilizadas para a investigação. Policiais militares acreditam que os suspeitos do furto são ex-detentos que saíram do sistema prisional há pouco tempo.
O outro ataque ocorreu em um galpão de laticínios, na rua José Elizeu, no Jardim Zara. A gangue usou um automóvel para invadir o local e levaram um jet-ski. Os prejuízos dos proprietários ainda não foram calculados. Na madrugada do dia 1º (quinta-feira), a gangue invadiu uma oficina de manutenção de bicicletas no Jardim Jandaia, na Zona Norte. A porta ficou destruída e foram levadas quatro bikes no furto, resultando em prejuízo de R$ 4 mil, de acordo com o proprietário.
Na madrugada de 31 de julho, três lojas foram atacadas pela chamada “gangue da marcha à ré” em três regiões diferentes da cidade: uma que vende roupas no Jardim Paulista, na Zona Leste; uma de bicicletas e acessórios para ciclistas, no Alto da Boa Vista, na Zona Sul; e uma de aparelhos celulares, nos Campos Elíseos, na Zona Norte. Os criminosos arrombaram os estabelecimentos com veículos em marcha à ré.
A Polícia Militar informa que faz rondas constantes nas principais avenidas da cidade. A Polícia Civil investiga os casos e a possível ligação com as invasões realizadas na avenida Dom Pedro I, no Ipiranga, na Zona Norte, uma no dia 22 de julho e a outra em 18 de junho, com as investidas criminosas das últimas semanas.
No ano passado, a “gangue da marcha à ré” executou pelo menos onze ataques, dez em cerca de 50 dias, entre o final de setembro e meados de novembro e a 11ª do ano. O mapa dos crimes aponta que os bandidos trocaram a Zona Sul pela Norte. Desde setembro, o prejuízo dos comerciantes com esse tipo de crime passa de R$ 400 mil. Dois suspeitos foram detidos.