De tempos em tempos assistimos ao Brasil se submeter a mais anglicismos. Mas peraí, até na luta feminista agora resolveram meter a colher. Sabemos que toda forma de luta vale a pena, mas por trás dos termos mainsplainning, manterrupting, bropriating, frindzone, está claro o interesse da classe dominante em controlar a luta das manas.
Podem não acreditar, mas esse glossário está sendo absorvido até pelo William Bonner, que se diz complacente à nossa luta. Esses termos anglicistas estão sendo jogados aleatoriamente como se o feminismo estivesse na moda, mas verdade que não está, e isso pode ser um risco muito perigoso e causar esvaziamento à verdadeira luta.
Ah! O Galvão fez mansplainning com a Sandra Annemberg. Ah! As mulheres estão se empoderando. Todos dizem isso, menos as estatísticas. Os dados mostram que o Brasil é um país com crescente índice de violência doméstica contra mulheres. Quase todos os dias assistimos mais um caso de feminicídio. Temos que discutir feminismo e machismo em português, mesmo!
Mas, infelizmente, ao contrário disso, o Congresso Nacional está votando nesta semana o projeto Lei da Escola Sem Partido. Vamos voltar ao tempo da educação moral e cívica, nossos mestres serão amordaçados como as repórteres da Globo e ao certo não poderão discutir em sala de aula que o feminismo não é uma simples competição entre mulheres e homens, mas que a luta feminista abarca várias causas fundamentais à dignidade da mulher.
Apesar de séculos de história e reivindicações, o feminismo na sociedade atual ainda é uma luta mal compreendida, inclusive pelas próprias mulheres. Uma luta que não busca a simples competição entre os gêneros, como muitos sugerem, mas que visa a conquista de direitos fundamentais perante a sociedade. Queremos paridade salarial, por exemplo.
Queremos por na cadeia os machistas que nos oprimem diariamente cometendo abusos psicológicos e físicos que nos causam traumas irreversíveis. Queremos, principalmente, o direito de votar e sermos votadas nas eleições, porque até isso agora também virou moda, os partidos às vésperas das eleições saem correndo atrás de mulheres para que ocupemos as cotas obrigatórias, mas na hora H, da participação efetiva nas decisões partidárias, nós mulheres continuamos excluídas.
A filósofa Judith Butler sofreu ameaças em sua passagem ao Brasil apenas por discutir identidade de gênero e orientação sexual, feminismo e aborto. De forma geral , nós mulheres, buscamos sempre e independentemente das demandas específicas de cada grupo feminista, uma maior representatividade verdadeira e ampla dentro de uma sociedade. Finalizo meu texto com a pergunta que não quer calar: Quem matou Luana e Marielle?