Tribuna Ribeirão
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Futebol americano cresce no Brasil e reforça laços de amizade 

Principal evento da NFL, Super Bowl acontece neste domingo com direito a festa em Ribeirão 

São Paulo foi palco do primeiro jogo da NFL no Brasil, em setembro (Wagner Meier/Getty Images)

Por Hugo Luque 

Philadelphia Eagles e Kansas City Chiefs entram em campo neste domingo, às 20h30 (de Brasília), no Caesars Superdome, em Nova Orleans, para disputar o Super Bowl LIX, a grande final da National Football League (NFL), principal liga de futebol americano do mundo. A um hemisfério de distância, milhões de pessoas aguardam ansiosamente por este momento, como Otavio Gentil. 

O jornalista ribeirão-pretano Otavio Gentil acompanhou o jogo na Neo Química Arena (Arquivo pessoal)

Em Ribeirão Preto, o jornalista de 25 anos vive sua quinta temporada completa com um fã da modalidade. Porém, se hoje ele conta os minutos para a bola oval voar, antes “quebrava a cabeça” para entender as complexas regras. 

“Foi difícil no começo. Acho que é difícil para quem não nasceu nos Estados Unidos porque é muito diferente do que estamos acostumados. É muita regra, para muito o jogo, o objetivo é muito diferente também. Tem essas dificuldades e esse obstáculo, que quase me impediu de gostar, que é entender a dinâmica do jogo. Tem muita falta, precisa entender como a jogada foi construída. Esse primeiro contato com o futebol americano é muito difícil”, relata. 

Mas os brasileiros são pacientes. Atualmente, o país é o terceiro maior mercado consumidor da NFL no planeta, atrás somente dos estadunidenses – é claro – e dos fanáticos mexicanos. A nação vizinha à terra natal do futebol americano, inclusive, já recebeu quatro jogos oficiais da liga. 

O Brasil segue passo a passo o caminho do México nessa jornada. No início da atual temporada, em setembro do ano passado, a Neo Química Arena, em São Paulo, recebeu o primeiro jogo da NFL por aqui, entre os finalistas Eagles e o popular Green Bay Packers. Gentil presenciou o evento histórico, que terminou com vitória do time da Filadélfia, e voltou com recordações para a vida inteira. 

“Foi muito especial esse primeiro jogo da NFL no Brasil, ficou para a história. Fiquei muito surpreso com o nível de organização. Tinha muito salão, muitas coisas dos dois times que você podia interagir, tirar foto, experimentar comidas, como o churrasco estadunidense. Tinha muita coisa para interagir além do jogo”, disse o fã, que espera o retorno da liga em 2025. A expectativa é de uma partida com mando do Los Angeles Chargers. 

Brasil é mercado crescente 

Segundo estudo do Ibope Repucom, 41 milhões dos internautas brasileiros com 18 anos ou mais (35% do total) se consideram fãs de futebol americano. O número é alto, mas o aumento nos últimos dez anos é o que chama mais atenção. Em 2014, apenas 18% dos brasileiros conectados declaravam interesse na modalidade. Isso é parte da busca por internacionalização da NFL, um movimento de muito sucesso neste século.  

“Se a NFL busca essa expansão, como tem feito nos últimos anos, você é obrigado a sair do seu ambiente natural, que é os Estados Unidos, e desbravar outros lugares. A NFL tem feito isso nos últimos anos com jogos na Inglaterra e na Alemanha. Esse é o movimento certo para crescer o futebol americano mundialmente. Gera mais fãs, mais engajamento para que as pessoas gostem do esporte, porque é algo muito nichado ainda”, opina Gentil. 

“Quando você faz essa ação de expandir para outro lugar, vai aparecer muita gente. Tinha muita gente de outros estados no jogo de São Paulo, até de países vizinhos”, acrescenta. 

Até mesmo “competição” de torcidas já existe no Brasil, como no futebol tradicional, jogado com os pés. Segundo pesquisa do Effect Sports, os líderes em território nacional são Green Bay Packers (12,25%), San Francisco 49ers (11%) e New England Patriots (10,85%). O jornalista ribeirão-pretano, contudo, não entra na lista. 

“Não torço para nenhum time, embora tenha afinidade com Kansas City, até por ter começado a assistir durante essa dinastia deles. Mas, realmente, não tenho um time. É até estranho, mas estou na procura. Meu jogador favorito é o Saquon Barkley”, conta. 

O poder da amizade 

Running back dos Eagles, Barkley será uma das estrelas em campo neste fim de semana, mas terá de bater o forte time do quarterback Patrick Mahomes. Em 2023, os times se enfrentaram no Super Bowl LVII e os Chiefs levaram a melhor. Além de esperar pelas emoções do jogo, Gentil também está de olho nos noticiários para saber quem está apto a jogar. 

O motivo é um hobby cada vez mais sério, o “fantasy football”, em que cada jogador escala seus atletas e recebe pontos de acordo com o desempenho deles na vida real. Influenciado pelos amigos a começar a acompanhar a NFL, em 2020, o ribeirão-pretano reforça os laços com os parceiros de futebol americano por meio do jogo virtual. 

“Me ajudou demais a engajar no futebol americano. É como se fosse aquele do Brasileirão, mas sobre o futebol americano. Tem particularidades, mas é muito legal, dá uma vontade de assistir aos jogos, de ver os jogadores que você tem, e nada melhor do que fazer uma liga de amigos. Ainda jogo, mas infelizmente não estou indo bem nas últimas duas temporadas. É algo que dobra seu interesse pelo esporte”, afirma o jornalista. 

Vários são os catalisadores de fãs da NFL. Mas nada mais forte do que o poder da amizade. Ribeirão, inclusive, tem um forte representante do futebol americano. Antigo Challengers, o Moura Lacerda Dragons lança a bola oval para toda a cidade com diversas ações. O time disputa competições, ensina quem quer aprender a jogar o esporte, abre “peneiras” democráticas e promove eventos que fomentam o gosto pela modalidade. 

Elias Silva é um dos principais fomentadores do futebol americano em Ribeirão Preto (Arquivo pessoal)

Neste domingo, a equipe se reunirá em seu campo, a Casa do Dragão, para uma festa que pode receber até mil pessoas. Além de assistir ao Super Bowl no telão, quem comprar ingresso (à venda por R$ 30) poderá participar de várias atividades e conhecer outros fanáticos. O projeto vem de uma década e começou de forma bem mais comedida. 

“Somos do futebol americano e todo mundo quer assistir junto. O primeiro Super Bowl que a gente assistiu foi na casa de um jogador. Então, pensamos em ir para outro lugar com todas as famílias e deu muito certo”, conta o jogador, presidente e fundador da agremiação, Elias Silva. 

O gestor garante que, mesmo em caso de chuva, o evento vai acontecer, com estacionamento, food trucks, espaço kids, brindes e até mesmo uma rifa. Assim, na temporada em que a NFL finalmente veio ao Brasil, Ribeirão Preto terá seu maior evento relacionado ao esporte que mais cresce no coração do país. 

“Fizemos eventos em casas noturnas e barzinhos, sempre em parcerias com locais. Dessa vez, fizemos um movimento diferente para ser o maior evento de assistir ao Super Bowl em Ribeirão e região. A expectativa é que a casa lote”, completa. 

 

 

 

 

 

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