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Fundação do Livro e Leitura realiza parceria com ONG Vitória Régia para engajar público pelo fim da violência contra a mulher

Entidades se juntam para apoiar o evento mundial 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres. A programação traz debates sobre novas propostas pelo fim da violência de gênero

Ribeirão Preto (SP), 20 de novembro de 2020 – Em mais uma edição, a campanha anual 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, que teve seu lançamento no dia 20 de novembro (Dia da Consciência Negra) pelas redes sociais, segue com ações a partir do dia 25 de novembro (Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher), e vai até 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos). Em Ribeirão Preto, o movimento reuniu duas organizações da sociedade civil: a Fundação do Livro e Leitura e a ONG Vitória Régia, com o objetivo de, juntas, ampliarem a divulgação e envolverem mais pessoas na propagação desta causa.

Chamada de calendário único, a campanha vai promover 16 atividades que foram programadas para discutir violência ao público feminino, expor instituições de apoio a vítimas e refletir propostas para colocar um fim a situações de abuso e violência. As atividades serão reproduzidas pelas redes oficiais dos parceiros e poderão ser acessadas de forma gratuita e online.

Trata-se de um calendário único anual e internacional iniciado em 1991 por ativistas do Instituto de Liderança Global das Mulheres. A proposta do evento, segundo informações do portal ONU Mulheres Brasil, é criar uma “estratégia de mobilização de indivíduos e organizações, em todo o mundo, para engajamento na prevenção e na eliminação da violência contra as mulheres e meninas”.

Calendário único em Ribeirão Preto
No início deste mês de novembro, um novo caso de feminicídio: a comerciante Kelly Cristina da Silva, 41 anos, foi morta a tiros no centro de Ribeirão Preto (SP), quando entrava em um carro de transporte por aplicativo e segundo a Polícia Civil, o principal suspeito do homicídio é o ex-companheiro de Kelly. O homicídio rouxe um alerta mais severo para a cidade sobre a importância de se continuar discutindo o assunto e desenvolver ações para combater violência de gênero.

Franciele de Sousa Balmanti, advogada voluntária da ONG Vitória Régia, conta que a luta da entidade também começou após um crime bárbaro na cidade: o caso Nicole, que chocou população em 1998, quando a garota de programa Selma Heloísa Artigas da Silva, 22 anos, conhecida pelo pseudônimo de “Nicole”, morreu, depois de ser arrastada por um cliente homem, por mais de dois quilômetros, presa a um veículo.
A advogada sinaliza que, “a luta em favor das mulheres é histórica e mesmo com direitos jurídicos garantidos ao longo do tempo, em 2020 com a pandemia, os casos de violência em casa só aumentaram e por isso precisamos cada vez mais gerar esse debate na sociedade”, destaca.

A ONG Vitória Régia atua para garantir os direitos das mulheres e da comunidade LGBTQIA+, em especial profissionais do sexo e PVHIV em situação de violência e violações de direitos. “Há 20 anos, proporcionamos à essa população acolhimento, orientação capacitada, encaminhamento jurídico e lutamos em rede por políticas públicas efetivas e educação em direitos”.

Agenda

Gabriela Rodrigues e Franciele de Sousa Balmanti

A campanha 16 Dias de Ativismo contará com vários debates para falar sobre os temas: “Questões práticas de atendimento em casos de violência doméstica”, no dia 23/11; “Dialogando na prática a Lei Maria da Penha”, no dia 24/11; “Ativismo contra a violência de gênero: A violência contra a mulher transexual”, no dia 27/11; “Mulher Negra, Saúde e o Sus”, no dia 30/11; “A denúncia é a melhor solução?”, no dia 02/12; “Minha máscara não me cala: a luta contra violência à mulher”, no dia 03/12; “Violência contra a mulher: diálogo com pessoas em situação de rua”, no dia 09/12; e, por último, “Diálogo sobre a rede de atendimento à mulher em Ribeirão Preto”, no dia 09/12. A programação conta com a presença de mulheres como Luiza Trajano e Vilma Piedade. Todos debates serão realizados pelas redes sociais.
As atividades podem ser assistidas de forma gratuita pelos canais @ongvitoriaregia/ e @fundacaolivrorp/.

Defenda seu Best
Além das atividades do Calendário Único, a ONG Vitória Régia e a Fundação do Livro e Leitura também realizarão atividades paralelas para incrementar a campanha.
A Fundação do Livro e Leitura vai promover o “Defenda seu Best”, um quadro do projeto 40tena cultural, no dia 25/11 (quarta-feira), às 19h, pela live no Instagram da Fundação @fundacaodolivrorp com a poeta, compositora e produtora Cinthya Kimani.

É na poesia falada, trabalhada em versos melódicos que Kimani toca o público e concentra sua militância. O seu livro preferido que escolheu para defender na atividade é o ”Mulheres Que Amam Demais”, da psicóloga Robin Norwood, já traduzido em 25 idiomas, com mais de três milhões de exemplares. A atividade contará com a mediação de Mari Luz, psicóloga, ativista política, consultora em saúde mental e diversidade com foco em questões raciais e de gênero, e autora de dois e-books sobre autocuidado e relações raciais.

Priscila Prado, do Núcleo de Produção da Fundação, cita que, segundo a OMS, o Brasil é o quinto país no mundo em maior número de casos de feminicídio, sendo que uma mulher sofre violência doméstica a cada 2 minutos e uma mulher trans é morta a cada 3 dias. “Enquanto a gente conversa, estão acontecendo crimes contra mulheres no país inteiro. Não podemos mais nos calar. Precisamos ter uma rede de apoio feminina e feminista que nos garanta que não sejamos mortas pelo simples fato de sermos mulheres, e só conseguiremos isso através do acolhimento necessário para que essa fortaleza feminina nunca se quebre, o que vem das conversas, das escutas, das discussões, dos bate-papos e eventos como este que estamos realizando”, destaca.

A superintendente da Fundação do Livro e Leitura, Viviane Mendonça, explica que a Fundação participa do evento motivada pela sua capacidade de poder agregar um público ainda maior ao movimento pelo fim da violência contra as mulheres. “É muito importante a gente se engajar principalmente por conta da literatura. Hoje, há muitas produções literárias que tratam desta questão, o que traz luz para este tema tão importante e que atinge tantas mulheres ainda”, conclui.

O Despertar
A peça “O Despertar”, do grupo teatral Porão, uma atividade proposta pela ONG Vitória Régia, será apresentada nos dias 25 de novembro (quarta-feira), 02 (quarta) e 03 (quinta-feira) de dezembro, às 20h, no Teatro Municipal de Ribeirão Preto.

A peça é uma adaptação de “O Despertar da Primavera”, um texto escrito pelo alemão Frank Wedekind e publicado em 1891. Caroline Grechi, diretora da companhia teatral diz que a grande sacada deste espetáculo é que se trata de uma história que se passa há muito tempo, na Alemanha e “trata de temas muito atuais para o cotidiano dos brasileiros – principalmente dos jovens, das mulheres, dos gays”, afirma. A classificação etária é de 16 anos.

Em estilo musical e produção executiva de Vinícius Zampieri, o espetáculo conta com artistas locais e foi viabilizado pelo Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo (ProAC). Todas as apresentações vão acontecer de forma presencial no Teatro Municipal, que retomou as apresentações após passar sete meses fechado por conta da pandemia do novo coronavírus. “O teatro entrou com rígido protocolo de segurança, seguindo todas as orientações do Ministério da Saúde para que as peças que comecem a voltar ao normal”, explica Caroline. Todo o elenco será testado para Covid-19 pelo Laboratório Biocenter, que apoia o grupo. Com apenas 40% da plateia disponível (200 de 515 lugares), os ingressos para o espetáculo são gratuitos. O uso de máscaras é obrigatório durante toda permanência no teatro.

Sobre a OSC Vitória Régia
A OSC Vitória Régia nasceu em março de 2000, resultado da união das profissionais do sexo que lutaram por justiça no caso de Nicole Velasquez. Sua missão é promover e garantir os direitos de mulheres e comunidade LGBTQIA+, em especial profissionais do sexo e PVHIV em situação de violência e violações de direitos. Em 2019, recebeu da Unesco e do Ministério da Saúde um aporte para viabilizar o projeto Ampliando Saberes, de educação em direitos, orientações jurídicas e entrega de um relatório de diagnóstico da rede de PVHIV na cidade.

Sobre a Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto
A Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos. Trata-se de uma evolução da antiga Fundação Feira do Livro, criada em 2004, especialmente para realizar a Feira Internacional do Livro. Hoje, é considerada a segunda maior feira a céu aberto do país, realizada tradicionalmente no mês de junho. Em 2020, a Feira tornou-se internacional e entraria na 20ª edição. Por isso recebeu recentemente nova identidade, apresentando-se como FIL (Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto), mas a sua realização foi remarcada para agosto de 2021 devido à pandemia do Coronavírus.

Com uma trajetória sólida e projeção nacional e agora internacional, ao longo de seus 20 anos, a entidade ganhou experiência e, atualmente, além da Feira, realiza muitos outros projetos ligados ao universo do livro e da leitura com calendário de atividade durante todo o ano. A Fundação se mantém com o apoio de mantenedores e patrocinadores, com recursos diretos e advindos das leis de incentivo, em especial do Pronac e do ProAc.

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