Após o Tribunal Superior do Trabalho (TST) decidir, na terça-feira, 17 de setembro, que 70% dos empregados da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT) mantivessem as atividades da empresa, os funcionários suspenderam a paralisação a partir desta quarta-feira (18). Com a decisão dos empregados, os Correios vão manter as cláusulas do acordo coletivo de trabalho 2018/2019 até 2 de outubro, data do julgamento do dissídio coletivo.
De acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), os trabalhadores reivindicam reajuste salarial com reposição da inflação (3,25%) e não querem cortes de direitos conquistados. Os empregados também são contra a eventual privatização dos Correios.
Em nota, os Correios afirmaram que, ao longo dos dois meses de negociação, buscaram construir uma proposta de acordo coletivo dentro das condições financeiras suportadas pelo caixa da empresa. Para os Correios, as federações reivindicam vantagens impossíveis de serem concedidas no atual momento. Ainda na nota, os Correios afirmam que, por meio do julgamento do dissídio, esperam chegar a um entendimento razoável sobre o acordo coletivo.
O ministro Mauricio Godinho Delgado, do TST, impôs multa diária de R$ 50 mil se os 70% não forem mantidos. Os Correios pediam na liminar a manutenção de pelo menos 90% das atividades. Parte dos funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT) da região de Ribeirão Preto aderiu à greve nacional. O movimento paredista atingia tanto os setores de atendimento quanto o de distribuição, mas todas as agências permanecem abertas. Eles também suspenderam o movimento.
Este é o terceiro ano consecutivo que os funcionários de Ribeirão Preto aderem à greve. Segundo a diretora do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios na Região de Ribeirão Preto (Sintect-RPO), Fernanda Romano, os grevistas protestam contra a redução dos salários e a privatização da estatal, que foi incluída no programa de privatizações do governo Jair Bolsonaro.
“Estamos sem acordo coletivo, porque venceu, e a empresa quer aplicar CLT. Isso implica em uma redução de 50% do nosso salário”, diz Romano, reforçando que o serviço não foi interrompido. Porém, podem ocorrer atrasos nas entregas, mas elas não deixarão de ser realizadas.
Ribeirão Preto conta atualmente com 17 unidades dos Correios (entre agências, centros de distribuição e de tratamento e unidades administrativas) e 575 empregados – cerca de 400 carteiros. A EBCT informa que diariamente são entregues aproximadamente 150 mil correspondências no município. Os números do Sintect-RPO são distintos.
Além de informar que a empresa tem dois mil funcionários em 92 cidades da região – 1.500 carteiros –, diz que são distribuídas em Ribeirão Preto 250 mil correspondências por dia, mais de 40 mil por cada uma das seis centrais – a agência na avenida da Saudade fechou.
A diretora do Sintect-POR diz que cerca de 40% dos 500 funcionários de Ribeirão Preto cruzaram os braços durante a greve. Ainda segundo Fernanda Romano, entre 50% e 60% das 92 cidades que fazem parte da base da região aderiram à greve, como Franca, Jaboticabal, Bebedouro, Sertãozinho, Serrana, Cravinhos, Morro Agudo, São Simão e Luís Antônio.