O Produto Interno Bruto (PIB) só cresceu 1,1% em 2019. O anúncio saiu na última quarta-feira. Mas o que nos chama mais a atenção é que 1,1% é menor que 1,3% que foi o índice do PIB em 2018 e 2017. Desde o governo do golpista Temer, estamos cansados de ouvir os sucessivos anúncios da “retomada” da economia brasileira. Prometeram isso com a reforma trabalhista e com a reforma da Previdência. Os noticiários da Bandeirantes não se cansam de mostrar a face lisonjeira e promissora do agronegócio e da indústria. Mas a realidade nua e crua é bem outra.
A política econômica de Guedes e Bolsonaro joga o nosso país cada vez mais no buraco negro da incerteza e da frustração. A fuga de capitais nos dois primeiros meses deste ano chegou a R$ 35 bi e já é a maior que em todo o ano de 2008, ápice da crise financeira internacional. E os analistas cada vez mais se convergem: a política neoliberal de Paulo Guedes se mostra ineficaz para conter investidores estrangeiros diante dos arroubos autoritários de Jair Bolsonaro. A cada bravata e asneira que saem da boca do presidente, mais investidores estão correndo em fuga.
Segundo o jornal Valor Econômico, somente na última quarta-feira de fevereiro, dia 26, com a chegada do coronavírus ao país, atrelada à convocação de Jair Bolsonaro para o ato contra o Congresso e o STF em 15 de março, mais de R$ 3 bi em investimento estrangeiro deixaram o país, provocando uma queda de 7% no índice Bovespa. Os dados são assustadores. E os idiotas logo foram alardeando que a culpa era do vírus maldito. Ledo engano.
Economia e política andam atreladas. A fuga de capitais e o pibinho da era Guedes/Bolsonaro são a demonstração mais perfeita do fracasso da política neoliberal na economia e do conservadorismo na política do atual governo de extrema-direita. “Há a percepção de que é necessário elevar os padrões de vida e impulsionar a economia brasileira […] Isso significa que mais investimentos devem ser encorajados no Brasil e que obedeçam princípios de ESG (ambiental, social e de governança, na sigla em inglês)”, diz Mark Mobius, sócio-fundador da Mobius Capital Partners. Ponto final.
No primeiro mandato do ex-presidente Lula, a média de crescimento do Brasil foi de 3,5%, segundo dados oficiais do IBGE. No segundo, o crescimento se acelerou e a média foi de 4,6%. Com Dilma Rousseff, a crise internacional de 2008 produziu seus efeitos e o ritmo médio de expansão foi menor: 2,35%. Os anos seguintes – 2015 e 2016 – foram atípicos, uma vez que não houve governabilidade, e sim uma conspiração golpista para derrubar a ex-presidente. Estamos pagando o pato até hoje.
Nos três anos em que o Brasil foi submetido à atual política econômica, marcada por guerra aos pobres, ausência de investimentos públicos e teto de gastos, o crescimento foi de 1,3% em 2017, 1,3% em 2018 e agora o pibinho de 1,1% em 2019. Ainda assim, a imprensa econômica, cúmplice do golpe de 2016 e da agenda neoliberal, ainda age de maneira totalmente complacente em relação a Paulo Guedes. Ainda não se ouvem os pedidos de “Fora Paulo Guedes” nos cadernos de economia. Mas também o Brasil nunca foi tão complacente com a mediocridade como nos dias atuais.
Nem falamos da alta do dólar e da queda da bolsa. E nem falamos que a dupla insana já torrou cerca de US$ 37 bilhões das reservas acumuladas durante os governos de Lula e Dilma, cerca de US$ 400 bilhões. Não falamos dos altos índices de desemprego que permanecem e dos recordes do trabalho informal. Mas a campanha narrativa do governo Bolsonaro e da mídia amiga neoliberal, de que o Brasil estava retomando o caminho do crescimento, de que a economia ia decolar e de que os empregos estavam voltando não passou de mais um conto do vigário. Já passou da hora de ir para a rua e exigir a saída incondicional deste desgoverno nefasto. Com ou sem retroescavadeira.