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Fraudes de R$ 20 bi na saúde privada

Texto da jornalista Cláudia Colucci (que, por sinal, come­çou sua carreira profissional em Ribeirão Preto…), publicado na edição do último dia 1º de janeiro da “Folha de São Paulo”, traz dados estarrecedores sobre fraudes estimadas em R$ 20 bilhões anuais na saúde privada. Essa conclusão está num es­tudo inédito do IESS (Instituto de Estudos da Saúde Comple­mentar da consultoria Pwc Brasil) estimando que, em 2016, o total de gastos relacionados a fraudes tenham respondido por 15% das despesas assistenciais (sendo R$ 11 bilhões em hospitais e R$ 9 milhões em exames).

Naquele ano, vale lembrar, veio à tona a “Máfia das Próteses”, esquema em que empresas pagaram propinas a médicos e hospitais para que usassem produtos superfatura­dos em detrimento de outros mais baratos ou mais adequa­dos. Segundo as investigações, até cirurgias desnecessárias foram feitas. Desde então, surgiram projetos de lei, iniciati­vas interministeriais e privadas tentando coibir fraudes na saúde, mas elas pouco avançaram, talvez por falta de vonta­de política ou popular.

Durante sua campanha eleitoral o presidente Jair Bolso­naro afirmou que os recursos para a saúde são suficientes, porém mal utilizados. E que, combatendo a corrupção e tornando a gestão mais eficiente, sobrariam mais verbas.

No final, quem acaba arcando com a conta das fraudes é o próprio usuário, já que o aumento dos custos é repassado para as mensalidades dos seus planos de saúde.

Estudos internacionais apontam três práticas para com­bater fraudes na saúde: leis anticorrupção que resultem em multas e sentença penal; transparência por meio da adoção de tecnologias (prontuário eletrônico, softwares financeiros etc.) e novos modelos de pagamento.

Segundo um dos sócios da PWC Brasil há muito para avançar no país, começando por uma atuação mais efetiva e transparente dos Conselhos em relação aos médicos envol­vidos em fraudes. Entre 2017 e 2018 dos 4931 recursos em processos éticos-profissionais analisados pelo CFM (Conse­lho Federal de Medicina), apenas 137 cassações de registros profissionais foram mantidas, ou seja: só 2,8% das decisões culminaram na perda da licença do médico.

Uma sugestão apresentada seria a inserção do crime de corrupção privada no ordenamento jurídico brasileiro aliada a medidas para estimular denúncias e dar garantias ao denunciante como base para modificar esse cenário no país. A fraude na saúde é um problema sério: combate-la reduz custos, torna a inflação média menor e aumenta o acesso aos serviços médicos.

Enfim, o governo e a sociedade precisam se mobilizarem diante dessa situação na qual fraudes nos planos de saúde envolvem beneficiários, médicos, as próprias operadoras, prestadores de serviços, fornecedores e profissionais.

Um basta deve ser dado a partir, claro, de ações concretas de combate a essas práticas tremendamente danosas e preju­diciais aos usuários dos planos de saúde privados.

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