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Fragilidade e resiliência

A maior ou menor capacidade de retornarmos ao “equilí­brio” – ao funcionamento pleno de nossas atividades – após sermos atingidos por algo impactante é denominado de resili­ência. À medida que perdemos constantemente saúde física e mental, nos tornamos mais frágeis e menos resilientes.

Paradoxalmente, em tempos onde muita coisa está ruindo, descambando, temos que recrutar nossa força mais profunda. Aprendemos na vida que a solução do problema está no pró­prio problema.

O conceito de resiliência é muito difundido na Ecologia e é utilizado na escala de ecossistema. Este é definido pelo pesquisador como o local onde se processam relações de interdependência entre os seres vivos e o seu meio físico. Uma cidade, uma floresta, ou uma área agrícola são exemplos de ecossistemas, que recebem mais ou menos interferência da ação humana. O funcionamento regular dos sistemas ecológi­cos é o que sustenta e assegura o desenvolvimento de todas as atividades humanas.

À medida que nos distanciamos dos processos naturais e deixamos de enxergá-lo como fundamental à nossa sobrevi­vência, optamos subconscientemente pela morte da civilização humana. Um evidente atestado de ignorância. A constelação de espécies – a biosfera – que controla o clima do planeta – e não o contrário – vem recebendo impactos negativos rotineiros e potentes que fragilizam o equilíbrio conquistado a partir do processo evolutivo.

O meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direi­to coletivo previsto pela Constituição Brasileira de 1988. Isto significa dizer que suas propriedades e funções naturais devem ser conservadas de maneira a permitir a existência, a evolução e o desenvolvimento dos seres vivos. Somente assim garante-se a sadia qualidade de vida. Caso contrário, com o ar, a água e a terra contaminados, a vida não se manterá e nem prosperará. Quem quer viver de ficção científica, boa sorte.

O único desenvolvimento possível, se se deseja a sobrevi­vência digna dos seres humanos, é aquele que se projeta para o futuro. Modelos e práticas que comprometem em 100 ou até em 10 anos as propriedades e funções dos solos, rios, aquíferos, clima e da atmosfera, são opções equivocadas de um tempo histórico perverso social e ambientalmente. Boa sorte também aos gananciosos.

Os ativos ambientais presentes em ecossistemas sadios, por assim dizer, são valiosíssimos e se tornarão ainda mais no futuro. A tonelada de CO2 pressa na biomassa de uma floresta está valendo U$ 100 na atualidade. Não é à toa que governos-mordomos para se manterem no poder, abrem caminho para a privatização do uso de reservas de água superficial e subterrâ­nea, entregando inconsequentemente a soberania e a autono­mia do país.

Sítios paulistas com nascentes e rios protegidos, com pro­dução de café à sombra de grandes árvores, com profusão de aves e canto de passarinhos, com hortas e pomares produtivos livres de agrotóxicos, serão mais rentáveis num futuro muito próximo do que apartamentos e lotes que não se alugam e nem se comercializam, tamanha a oferta.

A palavra sonha, aponta, potencializa e ousa. A natureza brinca, brilha, sustenta e oferece. O Homem admira, sente, inventa, caminha e refaz.

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