Devido ao término de um relacionamento, Marina Rodrigues Nascimento foi separada de sua cadela Ohana; contudo, após decisão judicial, o reencontro foi possibilitado
Por João Camargo
Após um ano separada de sua cadela Ohana, da raça Border Collie, a fotógrafa publicitária Marina Rodrigues Nascimento conseguiu revê-la. O reencontro ocorreu no dia 13 de março, depois de Marina conseguir na Justiça o direito de visitar sua “filha de pelo”.
A fotógrafa mantinha um relacionamento com uma companheira, quando decidiram adotar Ohana. No entanto, após o término do relacionamento e, com a mudança de cidade da ex-companheira, que saiu de Ribeirão Preto e foi para Avaré — cerca de 260 km de distância —, Marina se viu distante da cadela.
“Nessa separação, a gente não conseguiu organizar para decidir com quem a cachorrinha ficaria. Eu estava no meio de um tratamento de bócio nodular tóxico (distúrbio no qual existem muitos nódulos na tireóide). Infelizmente, isso é muito manipulado pelo emocional. Querendo ou não, a Ohana era o meu suporte”, disse a fotógrafa.
Sem poder rever Ohana, Marina conta que essa distância acabou agravando seu estado emocional. Ela ainda ressalta que está em tratamento psicológico até hoje, tentando lidar com tudo pelo que passou. A advogada de Marina nesse caso, Taís Roxo Fonseca, diz que a decisão do juiz se deu após ser feita uma analogia entre o caso de Ohana e a legislação de menores.
“Ele acabou decidindo, analogicamente, usando a legislação de menores, que é a mesma legislação que rege a pensão alimentícia, a guarda e a visita para os entes separados. Porque o juiz fundamentou na decisão que os animais também têm emoções e sensações, e que não podem ser tratados como um objeto no momento da separação. Então, decidiu que o animal tem que ser tratado como um ser de sentimentos e, por isso, enquadrou esse caso na lei das crianças”, comentou Taís.
A sentença foi publicada, então, no dia 6 de março, dando direito a Marina de vistar Ohana quinzenalmente e passar o fim de semana com a cadela. Após a resolução, a fotógrafa viajou até Avaré, onde ocorreu o reencontro.
“Eu tinha muito medo de ela não me reconhecer. Já tinha me preparado com a minha psicóloga para esse caso. Mas ela me reconheceu. Não teve quem segurasse, ela veio correndo. Eu não sei nem explicar, porque eu passei mal, fiquei tremendo e chorando, mas foi muito bom. Eu vi que ela lembrava, que ela me reconhece como mãe e que ela entendeu que em nenhum momento eu desisti”, relatou Marina.
Apesar da liberação de visita, a fotógrafa conseguiu ir somente uma vez visitá-la por conta da pandemia. Ambas as cidades passaram por fases de lockdown, impossibilitando a visitação de Marina. No entanto, assim que possível, o reencontro será feito novamente.
“Como são 260 km de distância, é complicado ir e trazê-la para cá. Ficaria muito cansativo para ela. Então eu vou com meus outros dois cachorros e ficamos em uma casa de campo em Avaré. Dessa última vez, nós ficamos em uma represa, brincamos o final de semana inteiro, ficamos juntos”, disse.
Mesmo com todas as adversidades passadas durante o período de um ano em que ficaram separadas, Marina reforça que nunca pensou em desistir. Além disso, ressalta que o amor sentido por Ohana não pode ser julgado.
“Eu acho que não existe isso de julgar amor, eu amo a Ohana e ela é minha filha. Não tem como alguém julgar o que eu sinto por ela. Eu também acredito que, independente da distância, ela consegue sentir isso”, finalizou.
O reencontro da fotógrafa Marina com Ohana, sua ‘filha de pelos’ – Arquivo Pessoal