Quem, entre os da minha geração, não leu o almanaque contando a história do “Jeca Tatuzinho”, que, de fraco e mirrado, passou a ficar poderoso com o uso de um conhecido “fortificante”. Qual seria o “segredo” do remédio, que aumentava o apetite e fortalecia?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, corretamente, decidiu, há alguns anos, proibir a fabricação desses fortificantes. O motivo? Eles contêm um teor proibitivo de etanol (ou álcool etílico), o mesmo da pinga, do vinho e da cerveja).
É possível que muitas pessoas álcool-dependentes tenham iniciado seu vício a partir do uso de “fortificantes” contendo álcool. Foi o que ocorreu com o pedreiro Santos, de 43 anos, que, em entrevista ao “Jornal da Tarde”, revelou ter ficado dependente do álcool a partir do uso do antigo “Biotônico”, quando tinha nove anos.
É ele quem diz: “Sentia falta daquele líquido doce; gostava do efeito que me causava, pois perdia um pouco da minha timidez”, e mais: “Conheço muitas pessoas com a mesma história, que frequentam comigo a Associação de Antialcoólicos do Estado de São Paulo”. Santos parou de usar bebidas alcoólicas há quatro anos. Quantos, que também começaram com um inocente “fortificante”, e continuam até hoje?
É muito bom ver a Vigilância Sanitária analisar com maior profundidade e rigor os nossos “medicamentos”. Quem sabe se, um dia destes, teremos notícias de rigor semelhante com relação a propagandas massivas, principalmente em emissoras de rádio, a respeito de “remédios” que servem para tudo, mas que, na realidade, não tem nenhum efeito senão o de tirar dinheiro dos incautos e levar a perdas de tempo antes do início de tratamentos sérios.
Não são infrequentes os casos de pacientes que procuram os médicos com doenças malignas que já avançaram de forma irreversível enquanto o crédulo cidadão usava “poções mágicas” propagadas intensivamente de modo impune sem que as autoridades sanitárias analisem se realmente apresentam efeitos benéficos ou se não passam de perigosos “caça-níqueis”.