As forças da Rússia declararam que estavam deixando a usina nuclear de Chernobyl e a cidade vizinha de Slavutich, de acordo com um comunicado da empresa estatal de energia da Ucrânia divulgado nesta quinta-feira, 31 de março. A empresa sugeriu que o motivo da partida seria o temor entre os soldados com a radiação do local.
A empresa estatal Energoatom disse que seus trabalhadores que ainda permanecem na usina haviam sinalizado mais cedo que as forças russas estavam planejando deixar o território. “As informações confirmam que os ocupantes, que tomaram a usina nuclear de Chernobyl e outras instalações na zona de exclusão, partiram em direção à fronteira ucraniana com a República de Belarus”, afirmou em comunicado.
Segundo a companhia, um pequeno número de soldados russos permaneceu em Chernobyl, mas não especificou quantos. As forças russas também se retiraram da cidade vizinha de Slavutich, onde vivem os trabalhadores da usina. Em um post online separado, a Energoatom disse que o lado russo concordou formalmente em devolver à Ucrânia a responsabilidade de proteger Chernobyl.
A empresa compartilhou um documento digitalizado que estabelece tal acordo e assinado por indivíduos identificados como um membro sênior da equipe de Chernobyl, o oficial militar russo encarregado de guardar a usina e outros. A imprensa não pôde verificar imediatamente a autenticidade do documento. Não houve comentários imediatos das autoridades russas, que negaram que suas forças tenham colocado em risco instalações nucleares na Ucrânia.
A Energoatom disse que também confirmou informações de que tropas russas construíram fortificações, incluindo trincheiras na chamada Floresta Vermelha – a parte mais contaminada radioativamente da zona ao redor de Chernobyl. Como resultado das preocupações com a radiação, “quase um tumulto começou a se formar entre os soldados”, disse o comunicado, sugerindo que esse foi o motivo de sua partida inesperada.
A Ucrânia expressou repetidamente preocupações de segurança sobre Chernobyl e exigiu a retirada das tropas russas, cuja presença impediu a rotatividade de turnos dos trabalhadores da usina por um tempo. No início desta semana, trabalhadores do local disseram à agência Reuters que soldados russos dirigiram, sem proteção contra radiação, pela Floresta Vermelha, levantando nuvens de poeira radioativa.
Mariupol
O governo ucraniano enviou 45 ônibus, nesta quinta-feira, para entregar bens humanitários e retirar civis da cidade sitiada de Mariupol, depois de Moscou ter concordado com um cessar-fogo, anunciou a vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk.
“Fomos informados pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha que a Rússia estava pronta para abrir o acesso dos corredores humanitários de Mariupol”, em direção à cidade de Zaporizhzhia, disse Iryna em vídeo publicado no Telegram. “Há 45 ônibus a caminho de Mariupol”, acrescentou.
O envio de ajuda por parte de Kiev ocorre depois de o Ministério Russo da Defesa ter anunciado, na noite de quarta-feira (30), “regime de silêncio”, ou seja, um cessar-fogo local, a partir de ontem, na cidade portuária sitiada. O ministério russo acrescentou que participam da operação representantes do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
O ministério exigiu que o Exército ucraniano se comprometa a garantir a segurança dos ônibus que circularão ao longo da rota acertada para esse corredor. “Os nossos militares confirmaram que estão garantindo o cessar-fogo”, afirmou a vice-primeira-ministra ucraniana.
Mariupol, porto estratégico no Mar de Azov, com mais de 400 mil habitantes, tem sido um dos principais focos da invasão russa na Ucrânia, que teve início há cinco semanas, e sofrido bombardeios quase constantes. Cerca de 170 mil moradores ficaram retidos na cidade, sem energia e com bens alimentares cada vez mais escassos.