“Me deram um tiro.” Com essa frase, o técnico Edson Viera resumiu sua demissão do Comercial, nessa segunda-feira, após entrevista coletiva no estádio Palma Travassos. Segundo ele, a notícia de que não era mais o treinador do Alvinegro, que está classificado para a fase de mata-mata por antecipação, chegou por meio de um telefonema, dado pelo diretor de futebol José Lourenço, em nome do presidente Ademir Chiari. “Estava na estrada, indo para Londrina, visitar minha família”, contou. “O presidente esteve comigo no vestiário, riu, brincou e não me falou nada,” lembrou. “Vou abandonar o futebol e dedicar minha vida a outras coisas,” anunciou.
Na versão de Chiari, a falta de resultados positivos e um ‘certo descontentamento’ do elenco teriam contribuído para a demissão de Edson Vieira. “É mentira! Tenho que dar risada,” respondeu o ex-treinador. “O relacionamento com o elenco sempre foi muito bom, se não fosse assim não teria recebido tantas mensagens dos jogadores,” reagiu. “Tenho certeza de que, da minha parte, cumpri com a minha obrigação e estou entregando o time classificado, não fui demitido por ameaça de rebaixamento,” afirmou. “Vou sair por aquela porta com a cabeça erguida, em paz, com a consciência tranquila,” reafirmou.
O presidente do Comercial alega que a decisão de demitir Edson Vieira não foi apenas dele, mas de um consenso, que contou com a concordância dos diretores de futebol Rangel Scandiuzzi e José Lourenço.
Edson Vieira chegou ao Comercial após a demissão de Ricardo Costa, que foi dispensado logo na primeira rodada do Campeonato Paulista da Série A3, quando o Leão foi derrotado em casa pelo Noroeste, por 1 a 0. “Cheguei e enfrentei algumas dificuldades de vestiário, mas fomos trabalhando e as coisas começaram a engrenar. Perdi dois jogos aqui, consegui 20 pontos, não tenho problema com torcedor, portanto, não sei o motivo da demissão. O presidente não veio falar comigo até agora”, estranhou.
A demissão de Edson Vieira ocorreu após o empate em casa, com o Barretos, em zero a zero. Com o resultado, o Comercial perdeu a quarta colocação na tabela e pode ficar fora do G4 que garante aos quatro primeiros na tabela o direito de atuar em casa no jogo de volta, além do benefício de lutar por dois empates nos dois jogos na fase de mata-mata. Antes do Barretos, o Leão empatou também com o Batatais, no Oswaldo Scatena, em 1 a 1, na quarta-feira.
Outra versão apresentada por Chiari para explicar o motivo da demissão seria a ameaça do time terminar a primeira fase em sexto ou sétimo lugar, o que poderia colocá-lo no mata -mata, frente ao Velo Clube. Isso somente ocorreria se o Leão fosse o oitavo, já que o líder tem 34 pontos e não pode mais ser alcançado. A fase de classificação termina no próximo domingo, quando o Bafo enfrenta o Velo, em Rio Claro. “Não posso ter medo de jogar contra o líder, em nenhuma hipótese,” disse Vieira. “Não posso ser treinador se ficar com medo de enfrentar o Velo,” disse.
Edson Vieira elogiou os diretores de futebol Rangel Scandiuzzi e José Lourenço, além de Marcos Aranda. “Quero agradecer ao Ademir, de coração, pois foi ele quem deu aval para a minha contratação. Nada contra a agremiação, nada contra o presidente. O que você planta de coisa boa, colhe. Quando planta coisas ruins, colhe também. Vou sair por aquela porta demitido, mas com o time classificado,” concluiu.
Opção
A primeira opção do Comercial para substituir Edson Vieira é Luís Carlos Martins, que deverá dar resposta à diretoria do Leão nesta terça-feira. Ele faz curso de qualificação na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), para onde deveria encaminhar alguns documentos até o final da tarde de ontem.