Ribeirão Preto tem o privilégio de possuir uma das melhores fontes de abastecimento de água do país. O aquífero Guarani é responsável hoje pelo fornecimento de toda a água consumida na cidade. De excelente qualidade, é pura e praticamente não requer tratamento, bastando apenas a adição de cloro e flúor e o acompanhamento diário de sua potabilidade. A cidade tem hoje 120 poços tubulares profundos que retiram do subsolo aproximadamente 14,84 mil metros cúbicos (14,84 milhões de litros) de água por hora. Quem olha de fora não imagina a possibilidade de qualquer risco de desabastecimento, afinal a cidade está bem abastecida, com pequenas intermitências localizadas.
Quem acompanha o abastecimento de água, no entanto, sabe que há riscos de os poços deixarem de produzir, pois o aquífero Guarani apresenta rebaixamento de seu nível. Não se tem a expectativa de um fim próximo e nem generalizado. Pode ser que a redução da água demore décadas. Um estudo aprofundado sobre as condições do aquífero está sendo preparado, para que possamos conhecer a realidade deste esplêndido manancial de água pura. Ao mesmo tempo em que preparamos o estudo, também analisamos a possibilidade de dotar a cidade de uma fonte alternativa de abastecimento.
No “Atlas Brasil – Abastecimento Urbano de Água”, a Agência Nacional de Águas (ANA) aponta que Ribeirão Preto e outras 73 sedes municipais necessitam de novos mananciais, considerando a insuficiência de disponibilidade hídrica superficial ou subterrânea para o atendimento da demanda no longo prazo. Em função deste alerta, e por entendermos que é preciso ter alternativas de abastecimento, estamos estudando a possibilidade de utilização de água do rio Pardo para distribuição na cidade. O Ministério do Desenvolvimento Regional oferecerá parte dos recursos para custear o minucioso projeto de infraestrutura e estudos ambientais para aproveitamento daquela fonte.
Assunto tratado de forma irresponsável por alguns candidatos populistas na campanha eleitoral de 2016, o projeto Rio Pardo é sério e necessário para atender as futuras gerações. Além disso, não é este o único projeto desenvolvido pela preservação do aquífero Guarani. Desde 2018 o então Daerp – hoje Secretaria de Água e Esgotos de Ribeirão Preto (Saerp) – iniciou o amplo Programa de Gestão, Controle e Redução de Perdas, que tem como meta reduzir em 50% as perdas totais de água na cidade. O programa, que tem financiamento do governo federal, com investimentos de mais de 150 milhões de reais, prevê a realização de dezenas de obras, como implantação de adutoras, construção de reservatórios e perfuração e recuperação de poços.
A elaboração dos estudos e produção do projeto executivo do Pardo exigirão investimentos de R$ 3.118.368,93, dos quais R$ 2.962.450,48 serão financiados pelo Ministério do Desenvolvimento, e os R$ 155.918,45 restantes de contrapartida da prefeitura. O levantamento incluirá toda a cidade e oferecerá informações para futuras redes de distribuição de água, construção de reservatórios, estações de tratamento etc. Há uma previsão inicial de captação de 1 metro cúbico de água (mil litros) por segundo, que será tratada por uma ETA – estação de tratamento de água. Mas esta quantidade pode ser alterada. Se mantida, a captação será de 3,6 milhões de litros de água por hora, o que equivale a 14,4 poços que produzem 250 mil litros por hora.
Estamos trabalhando pela preservação do aquífero Guarani sem abrir mão da segurança e qualidade do abastecimento no futuro, como deve agir uma gestão responsável e que se preocupa com a cidade e o seu contínuo desenvolvimento e crescimento da população, das estruturas urbanas e do consequente aumento de demandas.