Vários fatores contribuem para que tenhamos um enorme número de pessoas que passam fome. Entre outros, podem ser citados: o grande crescimento populacional, principalmente nas camadas mais pobres da população, o aumento da pobreza, a falta de condições eficientes de transporte de alimentos e o desperdício por parte dos países mais ricos.
A fome deve ser diferenciada da desnutrição ou da inanição. É comum que uma pessoa bem nutrida tenha fome. Esta última é mais que tudo manifestação de fundo neuropsicológico, enquanto a desnutrição inclui claras alterações somáticas como perda de peso, queda das reservas imunitárias, maior suscetibilidade às infecções, recuperação mais lenta das doenças e tantas outras.
A fome é manifestação fisiológica coordenada pelos núcleos hipotalâmicos da fome e da saciedade. É uma sensação desagradável e não deve ser confundida com o apetite que é manifestação agradável, ligada a vivências positivas e estímulos organolépticos agradáveis de cores, aspecto, odor e sabor dos alimentos. É possível ter fome, sem apetite. Periodicamente os veículos de mídia noticiam verdadeiras crises “endêmicas” de inanição por falta de alimentos sob o título “Fome mata milhares na África”.
Os episódios mais lembrados ocorreram na Etiópia e em Biafra. Na realidade, essas pessoas morreram por inanição. O termo “morreu de fome” não representa a verdade dos fatos. A fome não mata por um processo agudo, como se a pessoa chegasse na praça, murmurasse “Ai, que fome” e caísse morta. Ela mata insidiosamente pela falta diária de proteínas e outros nutrientes que acabam determinando grave quadro de desnutrição.
Nesta situação a queda da imunocompetência facilita que um microrganismo encaminhe aquela pessoa debilitada para a morte. Outros morrem por distúrbios hidroeletrolíticos (principalmente água, sódio e potássio) ou por insuficiência respiratória, determinada pela atrofia dos músculos envolvidos na respiração.
A fome no mundo: Considerando o limite determinado pela ONU, de 1.800 cal/dia, o IFPRI (International Food Policy Research Institute) publicou o Índice Mundial de Fome 2010, relatando que cerca de um bilhão de pessoas passavam fome no mundo. Em junho de 2013, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) premiou 38 países, entre eles o Brasil, por terem reduzido a fome pela metade bem antes do prazo de 2015, estabelecido pela ONU nos objetivos de desenvolvimento do milênio.
O cumprimento da meta pelos países premiados considerou a diferença do número de famintos entre 1990 e 1992 e entre 2010 e 2012. Pena que aquele momento passou e agora, novamente, estamos enfrentando importante episódio de altos níveis de fome. Começou tudo novamente!