Tribuna Ribeirão
Economia

Folião paga até 76,6% em impostos

Enquanto boa parte dos brasileiros dá uma pausa para curtir o carnaval, os impostos continuam a ser cobrados, e a bolada para o governo pode até aumentar, aponta levantamento encomendado pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) ao Instituto Brasileiro de Plane­jamento e Tributação (IBPT).

“Temos alguns produtos considerados supérfluos – com tributação elevada –, mas que no carnaval não podem faltar na cesta do folião, como bebida alcoólica. Costumo dizer que quanto mais o cida­dão bebe, maior é o porre do governo em termos de arreca­dação”, afirma Marcel Solimeo, economista da ACSP.

A tributação sobre bebida al­coólica está entre as mais eleva­das. Quem compra uma caipi­rinha paga 76,6% do valor total em impostos federais, estaduais e municipais. A cerveja tem 55,6% de tributos embutidos no preço final e o chopinho, 62,2%. “A ressaca do consumidor tam­bém é no bolso”, diz Solimeo.

Mesmo quem não bebe aca­ba contribuindo com a folia ar­recadatória. O refrigerante tem alíquota de 46,4% em tributos e a máscara de plástico, quase 43,9%. “Se fizer as contas, o sam­ba pode atravessar”, diz Solimeo.

Para pensar após o carnaval
Para o economista, os mais pobres são os que sofrem em demasia com a carga tributá­ria sobre os bens de consumo: “gastam todo seu dinheiro nos produtos básicos para a sobrevi­vência”. Na outra ponta, a cama­da mais rica gasta a maior parte do seu dinheiro em investimen­tos financeiros, que são pouco tributados em comparação aos bens de consumo.

“E este é um fator que preci­sa ser trabalhado pelo governo através de uma reforma fiscal”, afirma Solimeo. De acordo com o economista, quando o governo gasta errado ou mais do que deve, a sociedade é quem paga, seja com inflação, altas taxas de juros ou aumento da dívida pública.

“Mas se você pensar nos impostos e nas contas, acaba não aproveitando o Carnaval. Tudo tem seu tempo e sua hora”, alerta Solimeo. “Então, depois das festas, a discussão será as eleições municipais. E não só para prefeito, mas também para os vereadores que irão compor a zeladoria das cidades. Eles serão os res­ponsáveis por decidir como os nossos impostos serão gastos”, completa o economista.

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