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Flora e fauna do fim de agosto

“A natureza é sábia”, diz o ditado milenar. E, se soubermos ler no seu livro, confirmaremos a veracidade do provérbio, pois nela vemos que o todo é regido por normas concatena­das, não existe o desnecessário e tudo tem uma finalidade pré-determinada.

Nas minhas caminhadas pelas alamedas do condomínio onde moro, além de usufruir da calma e tranquilidade que o verde traz, fico observando como a natureza vai mudando de acordo com o período do ano. E se ela se repete a cada estação, vem sempre de maneira um pouco diferente.

As brasileiras sibipirunas (Caesalpinia pluviosa) se desta­cam logo na paisagem, por suas flores amarelas em forma de cone inverso, que enchem a vasta copa da árvore. As pétalas colorem o chão de ouro, como nos exemplares da Nove de Ju­lho, neste ano escondidas pelas obras de restauração do leito de paralelepípedos. Suas sementes enchem uma fava, que, quando amadurecem, explodem, lançando-as a grande distância, forma encontrada pela natureza para propagação dessa espécie.

Uma das boas lembranças de minha infância era ir pisando na fava aberta que cai no chão, se retorce e produz um som seco, quando pisada. Ainda hoje procuro reproduzir o som, pisando nelas.

As bauhinias, além de colorirem de branco, rosa e vinho os caminhos, têm mais de 300 espécies, das quais 200 são en­contradas no Brasil. Chamadas também de pata-de-vaca, pelo formato de suas folhas, são bastante resistentes à seca e enchem de alegria nossos olhos.

As escovas-de-garrafa, nome popular da espécie Calliste­mon, com suas flores vermelhas, recebem este nome pela for­ma parecida ao instrumento que se usa para lavar os recipien­tes de líquidos. São de origem australiana, mas se deram muito bem no Brasil e nos encantam – e aos beija-flores – não só pelo colorido como pela quantidade de cachos que enche as árvores.

No capítulo das trepadeiras, as também brasileiras primave­ras (Bougainville aspectabilis) dominam soberanas, com suas enganosas flores multicoloridas. Na realidade, as primaveras têm pequenas inflorescências brancas, que são revestidas de folhas modificadas, as brácteas, que a natureza criou para pro­teger a flor. São elas que nos encantam pela sua cor.

Outro vegetal que chama nossa atenção são as eugênias, aqui se destacando a pitanga (Eugenia uniflora), com suas pe­quenas e delicadas flores brancas, que cobrem a arvoreta toda, preparando-nos para os saborosas frutas vermelhas, que já se estão formando.

Sem falar dos ipês amarelos, com flores claras e outras dou­radas ouro velho, as congéias, com suas brácteas rosa claro e as plumérias multicoloridas.

Os pássaros são outra dádiva da Mãe Natureza. Da varanda de minha casa, fico observando as espécies que se destacam no fim de agosto. São os vários tipos de sabiás, que disputam com os bem-te-vis os coquinhos vermelhos e ma­duros de nossas palmeiras; o casal de gaturamo – ele de peito amarelo ouro e asas pretas, ela de um amarelo mais discreto – que descobriram um jeito de fazer seu ninho no vão entre o xaxim e o tronco da palmeira; os ariscos tucanos que vêm pousar no cacho das palmeiras e ficam comendo os frutos maduros, além dos canários da terra, brilhando seu amarelo ao sol, íbis verdes e os curicacas, que passeiam pelo gramado, em busca de insetos e minhocas.

Assim, vou lendo as páginas do grande livro da natureza enquanto me exercito no condomínio onde moro.

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