Após deixar o Republicanos na semana passada, o senador Flávio Bolsonaro (RJ) decidiu se filiar ao Patriota. A informação foi confirmada nesta segunda-feira, 31 de maio, pelo presidente do partido, Adilson Barroso, que fundou a sigla e a comanda direto de Barrinha, na Região Metropolitana de Ribeirão Preto. Ele tenta também atrair o presidente Jair Bolsonaro para a legenda.
“Vamos receber o mais novo filiado, um dos mais novos filiados ao Patriota”, declarou o dirigente partidário durante evento da legenda. Por videoconferência, Flávio Bolsonaro esteve presente na reunião. “Uma grande honra para mim, Adilson, porque me sinto como fundador desse partido também. Ainda quando a legenda se chamava PEN, o senhor me procurou e construímos a várias mãos o novo estatuto do partido que foi refundado com o nome Patriota”, diz o senador.
Ao posar com Adilson Barroso para anunciar sua migração ao partido, Flávio Bolsonaro expôs seus dados pessoais presentes na ficha de filiação, como o Cadastro de Pessoa Física (CPF) e número de celular. O parlamentar divulgou a fotografia em seu perfil no Twitter.
Na publicação, o filho mais velho do presidente da República destaca que participou diretamente na refundação da sigla, afirmando o objetivo de se tornar “o 1º partido de direita do Brasil”. Durante a cerimônia de filiação, o senador disse ainda que há a possibilidade de transformar o Patriota em “um partido maior ainda que o PSL”, indicando uma possível migração do presidente Jair Bolsonaro para a sigla.
A ação de filiar de Flávio Bolsonaro é considerada um indicativo de que o partido deve receber o presidente Jair Bolsonaro. Durante a reunião, o presidente do Patriota, Adilson Barroso, não escondeu o desejo de receber o presidente da República. “Vamos ser grandes. Ele (Bolsonaro) vem hoje para o partido sem pedir uma bala. Aqui no Patriota ele confia em mim e não quer nada de nós”, disse Barroso.
Apesar da fala do dirigente partidário de que Bolsonaro não fez exigências, o comando da legenda pretende fazer intervenções e mudar diretórios estaduais do partido para abrigar o grupo político de Bolsonaro. Essa ação tem forte resistência do deputado federal Fred Costa (Patriota-MG) e do vice-presidente da sigla, Ovasco Costa. “Sou contra o golpe rasgando o regimento”, declarou Fred á imprensa.
Desde que saiu do PSL, em 2019, Jair Bolsonaro já abriu diálogo com nove partidos, mas até agora nenhum deles aceitou lhe dar carta-branca. Além disso, o presidente não conseguiu tirar do papel o Aliança pelo Brasil, agremiação que queria fundar para disputar novo mandato, em 2022.
Antes da campanha de 2018, Bolsonaro chegou a ser apresentado como candidato à Presidência pelo Patriota, então chamado de Partido Ecológico Nacional (PEN). Mas a única ligação entre o então deputado e a sigla foi uma ficha “pré-datada”, com a filiação marcada para o dia 10 de março de 2018, assinada por Bolsonaro. À época, ele afirmou que “deve ter casamento, mas ainda é um noivado”.
Bolsonaro deixou o PSL em novembro de 2019 após desavenças com o presidente da sigla, deputado Luciano Bivar (PE). O principal motivo para a saída foi a briga por causa do controle do caixa da legenda. Em 2018, o PSL se tornou uma superpotência partidária ao eleger o presidente da República, 54 deputados, quatro senadores e três governadores, na esteira do bolsonarismo.
Com isso, o partido deve ter neste ano a maior fatia dos recursos públicos destinados a partidos, de R$ 103,2 milhões. Para voltar à sigla, Bolsonaro cobrou um “alinhamento ideológico” com pautas do governo e a expulsão de deputados que o atacam, como Júnior Bozzella (SP), Julian Lemos (PB), Joice Hasselmann (SP) e Delegado Waldir (GO). Até o momento, Luciano Bivar, não aceitou nenhuma destas condições.