O engenheiro Hélio Roberto Correa, fiscal da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) na construção do Trecho Norte do Rodoanel, confirmou à Operação Pedra no Caminho, a “pressão pela mudança de preço” das obras. Os investigadores calculam desvios de R$ 600 milhões no empreendimento. Nesta quinta-feira, 21, a Polícia Federal prendeu o ex-diretor-presidente da estatal paulista Laurence Casagrande Lourenço, que foi secretário de Logística e Transportes do Governo Alckmin (PSDB).
Hélio Correa também teve a prisão temporária decretada pela juíza Maria Isabel do Prado, da 5.ª Vara Criminal Federal, a pedido da PF. Além dele e do ex-diretor-presidente da Dersa, a magistrada mandou prender o diretor de Engenharia da estatal, Pedro da Silva, e outros 12 investigados.
Aos investigadores, o engenheiro relatou que foi subordinado a Emílio Urbano Squarcina, gerente de Obras 11, responsável pela construção do Rodoanel até sua saída. Pressionado a mudar custos da obra, Emílio se negou a assinar tais alterações contratuais e perdeu o cargo.
“Emílio foi substituído por Pedro Paulo Dantas do Amaral em setembro de 2015, em razão da pressão pela mudança de preço; que Pedro Paulo já era gerente da Divisão de Obras I, relacionadas as outras obras que não a do Rodoanel, por exemplo, Tamoios e contorno”, contou o engenheiro Hélio Correa.
“Pedro Silva, diretor de Engenharia da Dersa, determinou a dissolução da Gerência de Obras II ocupada por Emílio diante da discordância dele em relação à mudança de preços em todos os lotes e a consequente saída de Emílio para o Departamento Hidroviário”, revela o engenheiro.
Ele afirmou que “as gerências de obra I e II foram unificadas e passaram a ser ocupadas por Pedro Paulo Dantas do Amaral”.
Hélio Correa declarou que “não concordou com os aditamentos ao contrato que as empresas pretendiam”.
“Laurence Casagrande, presidente da Dersa, editou uma portaria unificando as gerências; que não detectou queda de produtividade da extração de materiais do Lote 5 que justificasse a mudança de preços”, disse.
“Não haveria necessidade de aumentar o valor de R$ 646 milhões no Lote 5 porque existem folgas, gorduras nas quantidades previstas no projeto executivo e que o critério de medição de preços unitários viabiliza isso (só paga o que é medido).”