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Finados – Curiosidades do Cemitério da Saudade

Fotoi: Alfredo Risk

Além das suas 7.604 sepulturas e 134 mil pessoas sepultadas, como explicado na página anterior, o Ce­mitério da Saudade possui algumas curiosidades e histórias, como tú­mulos mais visitados, personalida­des municipais que estão enterradas lá e fizeram parte da história da ci­dade, trabalhadores informais que ganham a vida no local, animais que residem junto ao ambiente de paz e muitas outras. Confira alguma delas.

Túmulo do ‘Menino Zezinho’
Como em outros cemitérios, o da Saudade tem os túmulos campeões de visitação. O que lidera o ranking é o do “Menino Zezinho”, que nasceu em Altinópolis, em 1938, mas veio para Ribeirão Preto ainda era bebê.

Túmulo do Menino Zezinho: campeão de visitação – FOTOS: JF PIMENTA

Zezinho foi diagnosticado com filariose, uma doença parasitária caracterizada pelo alojamento de parasitas no sistema linfático, gerando um inchaço extremo dos membros (braços, pernas) e órgãos genitais. Causada por vermes conhecidos como filárias, que são transmitidos através da picada de mosquitos. A filariose é popularmente conhecida como elefantíase.

Segundo reza a lenda, Zezinho, inspirava a compaixão de todos por causa da deformida­de causada pela elefantíase, numa época em que não se tinha tratamento para a doença [ele contraiu nefrite crônica – inflamação dos rins – aos sete anos]. Nessa época, teria tido uma visão com Santo Antônio e passado a benzer pessoas. Segundo relatos em jornais da década de 1940, filas se formavam para receber as bênçãos do menino.

Zezinho morreu ainda criança, aos nove anos, em 22 de novembro de 1947, e foi sepulta­do no Cemitério da Saudade. Ninguém sabe explicar como teve início a devoção e a crença de que ele era milagreiro, mas desde aquela época seu túmulo (sepultura nº 1.632 da quadra 12) é o mais visitado. Tido como santo para muitos, o mausoléu do menino tem qua­se 300 placas de agradecimentos, oferendas e até objetos simbolizando graças alcançadas.

Outro túmulo que recebe muitas visitas é o “Das Almas”. O jazigo foi construído para que pessoas que têm parentes ou amigos no ossuário do cemitério tivessem um local para realizar suas preces e orações. Os ossuários são locais construídos para guardar os ossos remanescentes das pessoas falecidas que não tinham como comprar um jazigo. Essas construções são, geralmente, estruturas verti­cais que contêm gavetas lacradas. Há mais de vinte anos o Cemitério não tem mais jazigos para serem comercializados.

Vários ex-prefeitos estão enterrados na Saudade
Ex-prefeitos e personalidades de Ribeirão Pre­to também estão sepultados no Cemitério da Saudade. São eles: Antônio Duarte Nogueira, Veiga Miranda, Fábio Barreto, Costábile Roma­no, Alfredo Condeixa Filho e Camilo de Mattos.

Camilo de Matos esta sepultado no Saudade

O jornalista e radialista Wilson Toni que faleceu tem 1 de dezembro de 2005 também foi enterrado no local. Considerado um dos maiores comunicadores da região editava o jornal diário Verdade e apresentava um progra­ma, também diário, chamado Clube Verdade, nas manhãs na Rádio Clube AM. Na hora do almoço apresentava um programa de notícias policiais na TV Clube de Ribeirão Preto.

Dezenas de pessoas trabalham como lavadores de túmulos
Diariamente cerca de sessenta pesso­as trabalham no Cemitério da Saudade lavando túmulos. Eles não têm ligação com o cemitério, mas sim com os donos dos jazigos que os contratam para fazer a manutenção do local onde estão sepulta­dos seus familiares.

Clenira e a filha Heriane: Mãe e filha lavam túmulos há décadas

Tímidos, e em sua maioria e pouco falan­tes sobre a atividade que exercem, eles podem ser visto trabalhando de segunda a sábado geralmente no período da manhã. O horário é estratégico para evitar que “tomem”, muito sol em horários conside­rados de pico.

Preferem falar pouco porque, segundo eles, há algum tempo, uma reportagem feita no local teria divulgado que o serviço de limpar túmulos poderia render um faturamento de até R$ 4.500,00 por mês. Segundo eles, dias depois o cemitério foi invadido por dezenas de pessoas em busca de um túmulo para cuidar.

Em média cada trabalhador cobra R$ 50 reais por mês para fazer a manutenção de um jazigo. A contratação é feita pelos donos dos túmulos e, regra geral o profis­sional é indicado para outros proprietários por alguém para quem já trabalha. O pa­gamento é feito no começo de cada mês e o recebimento quase sempre é realizado na casa do proprietário do jazigo.

Dona Clenira de 60 anos, mais conheci­da como Cléo do Cemitério, começou a trabalhar lavando túmulos em 1968, aos 8 anos de idade. Desde então não parou mais e há onze anos tem como ajudante sua filha, Heriane, de 33 anos,

Quando começou, ela e sua avó tinham que buscar água para poderem realizar o serviço no Asilo Padre Euclides, localizado na Avenida saudade, distante um quarteirão do cemitério. Hoje esta mais fácil lavar os jazigos já que em cada quadra do cemi­tério existe um reservatório – tanque – onde os trabalhadores podem pegar água.

Vale lembrar que existem algumas pes­soas que conseguiram muitos clientes e, por isso, acabam terceirizando o serviço e contratando por um salário mensal – outras pessoas. Em alguns casos até com registro em Carteira de Trabalho.

Escultura de cão e macacos sagui como habitantes
Além das tradicionais esculturas de santas sobre muitos jazigos, a escultura de um cão da raça Dálmata chama a atenção. Ela teria sido colocada para homenagear a fi­delidade do cachorro de um senhor que foi enterrado no local em 25 de maio de 1968. Após a morte de seu dono o cão que teria acompanhado o enterro deitou ao lado do túmulo e de lá não saiu mais. Não comia nada que lhe ofereciam e teria ficado no local até ficar doente e morrer.

Saguis: pelo menos vinte vivem no local

 

Em homenagem a fidelidade do animal, os amigos do falecido mandaram fazer a es­cultura de um cão e fixaram sobre o jazigo.

Macacos – Outros personagens que podem ser vistos no cemitério são os macacos sagui. Um bando, com cerca de vinte inte­grantes, vive por lá, em árvores.

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