Adriana Dorazi – especial para o Tribuna
A Igreja de Santo Antoninho Pão dos Pobres, no bairro Campos Elíseos, em Ribeirão Preto, passa por processo de restauro que foi iniciado em julho deste ano. Essas obras, custeadas apenas por ações da comunidade local e fiéis, ainda não têm data prevista para término. A estrutura do prédio tombado como patrimônio histórico já recebeu reforço e foi construída uma rampa de acesso para cadeirantes, etapas concluídas em agosto passado.
Mas as próximas intervenções necessárias podem demorar por falta de dinheiro. Incluem um tipo de pintura específica utilizada em prédios que precisam ser preservados e o telhado. “A etapa de pintura não pode ser feita com tinta cromática, o que poderia interferir na preservação, então essa etapa está pendente. Outra questão é a prospecção de camadas, ou seja, trabalho realizado por especialista que vai levantando camada por camada de tinta até descobrir a pintura original”, explica o presidente do Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac), Lucas Gabriel Pereira.
O engenheiro José Roberto Romero é o responsável pelo trabalho. Ele explica que há mais de 16 anos os membros buscam recursos junto aos órgãos de incentivo histórico e cultural, sem sucesso. “Estamos trabalhando com equipe especializada em restauração patrimonial para garantir que cada detalhe seja respeitado e recupere seu esplendor original”, afirma. “Também pedimos ajuda os amigos, conhecidos e vizinhos, para que juntos consigamos realizar toda obra necessária. Qualquer doação será muito bem-vinda. Precisamos de todas as forças possíveis”, destaca.
Uma longa história de fé
No último dia 30 de outubro foi realizado um jantar beneficente em prol da restauração da Igreja Santo Antoninho. É a igreja mais antiga em pé de Ribeirão Preto, tendo sua pedra fundamental plantada em agosto de 1892, aberta para o povo de Ribeirão Preto, em maio de 1903. Foi capela particular da família Proença da Fonseca que, ao lado, mantinha a residência conhecida recentemente como a “Casa da Amizade”.
A estrutura foi doada através de inventário à Arquidiocese de Ribeirão Preto, em 1989. A Igreja, além de acolher os Padres Scalabrinianos e os Monges Beneditinos Olivetanos por muitos anos, teve a assistência religiosa, espiritual e pastoral do Padre Euclides Carneiro, do Monsenhor João Laureano e do Cônego Arnaldo Álvaro Padovani, este último por mais de 40 anos. Em 17 de abril de 2008, o então Arcebispo Metropolitano de Ribeirão Preto, Dom Joviano de Lima Júnior, nomeou Padre Gilberto Kasper, como Reitor daquela Igrejinha, pedindo-lhe que, além de restaurá-la, a transformasse num Espaço Cultural de Espiritualidade.
Articulista do Tribuna Ribeirão, ele escreveu vários artigos sobre o assunto (um deles que sairá na próxima quarta-feira), nos quais conta o imbróglio, a burocracia, história e situação e dificuldades do local. “A Igreja Santo Antoninho nunca ficou abandonada, não obstante roubada 37 vezes ao longo dos quase 16 anos em que lá me encontro. Além dos investimentos de mais de 50 mil reais em segurança, como internet, monitoramento diuturno, câmeras, alarmes, concertinas e cercas elétricas e mais de 80 mil reais nas obras já concluídas de restauro, as atividades religiosas continuam sendo realizadas e nunca cessaram, como a Santa Missa Dominical às 9 horas, o Estudo Bíblico, a Formação Litúrgica e outras atividades possíveis, uma vez que também, os arredores da Igrejinha, como o Bairro inteiro dos Campos Elíseos tornou-se muito vulnerável e perigoso nesses últimos anos”, relata o padre.
A Santo Antonino faz parte do conjunto tombado formado pela Casa da Amizade (onde estava instalada a Academia Ribeirãopretana de Letras Jurídicas, incendiada em 7 de setembro de 2019 e totalmente demolida em 2022) e o Mosteirinho atrás da igreja. O prédio demolido é alvo de ação judicial. Apesar de tentativas de parcerias com diferentes níveis do poder público, o restauro não tem incentivo de fontes oficiais.