Por Eliana Silva de Souza
Em tempos tão desafiadores para o mundo inteiro, a cultura cumpre seu papel de buscar meios para amenizar o peso que a pandemia tem imposto a todos. Desde o começo dessa luta contra a covid, uma das saídas encontradas por artistas das mais variadas áreas é elaborar apresentações virtuais, as lives. Como a situação ainda perdura, essa alternativa continua sendo usada – e de forma satisfatória. E é nesse formato que se dará a sexta edição do Circos – Festival Internacional Sesc de Circo, que será realizado de neste sábado, 28, a 4 de setembro, direto do YouTube oficial do Sesc (youtube.com/SescSP). Ao todo, serão 25 atrações, entre espetáculos, ações formativas e oficinas, com artistas e companhias nacionais e internacionais.
Integrantes desse setor, alguns dos que mais sofreram nesse período de isolamento social, os artistas circenses precisaram usar mais do que nunca a imaginação para chegar ao público. Claro que nada é mais emocionante do que ver pessoalmente os números divertidos e de tirar o fôlego, mas, para a segurança de todos, o espetáculo continua em modo online. Para abrir o festival, que será neste sábado, às 15h, o grupo convidado é o Unidos do Swing com sua Caravana do Tempo, no qual um grupo mambembe chega a seu novo destino e dá início ao show. Além da exibição, o evento terá ainda cursos e oficinas, como a oficina de maquiagem circense com a drag queen Jaque Ramirez, que dará dicas de diferentes formas de se maquiar para os mais diversos espetáculos.
Na sequência, às 19h, o primeiro dia terá a Cia La Mala, que apresenta o espetáculo Bloom – Caminhos e Encontros, que chega para destacar a importância da conexão entre as pessoas retratadas através das estações do ano. Essas passagens de um tempo para outro são traduzidas por números de acrobacia, com os artistas utilizando a técnica mão a mão, sem uso de aparelhos ou objetos. A promessa é um espetáculo que fará o público segurar a respiração, mas se divertir muito com as incríveis performances
Também neste início de festival, às 21h, outro destaque será a exibição do documentário Guarany – A História do Circo dos Pretos, que busca nas memórias de uma filha a história da mãe, que foi uma pioneira na palhaçaria feminina no Brasil, que interpretava o Palhaço Xamego. “Vem muito para selar um pouco esse movimento, que já vinha da minha mãe, de fazer as pazes com o palhaço Xamego, o personagem da minha avó. Porque minha mãe tinha muito ciúme dele ao ver a própria mãe como palhaço”, conta a diretora Mariana Gabriel.
Entre as outras atrações que completam a programação do Festival Internacional Sesc de Circo, algumas serão apresentados pela primeira vez, com sessões ao vivo. Um dos inéditos é o espetáculo CircomUns, do Circo e Teatro Palombar, que coloca em seu picadeiro virtual nove artistas representando pessoas anônimas, em suas atividades corriqueiras, que passam quase despercebidas pelos outros. Embalados por ritmos urbanos, os personagens vão se destacando por meio de números de mágica, palhaçaria, acrobacias, entre outros. Exibição será no dia 1º, às 19h.
Tem também o Circo Misterium, da companhia Barracão Teatro, que será encenado no dia 3, às 19h. Sob a direção de Luiz Carlos Vasconcelos, a trama acompanha o palhaço Zabobrim, a partir do momento em que ele se engasga com bolinhas de pingue-pongue.
Em La Trattoria, do grupo Los Circo Los, que poderá ser visto no dia 4, às 15h, os donos de um requintado restaurante passam por uma série de imprevistos quando estão para abrir seu estabelecimento. Como a maioria dos grupos, o Los Circo precisou repensar seu trabalho para colocá-lo no formato online, coisa que necessita um olhar diferente na questão de iluminação, por exemplo. “Como é um espetáculo muito minucioso, de detalhes e sem fala, a gente precisa ajustar a questão dos tempos com um olhar, um gesto, uma intenção”, conta o ator Vitor Poltronieri, que divide cena com Erickson Almeida.
Já em Retumbantes, o público vai acompanhar Lívia Mattos, Livia Nestrovski, Rafé e Tomás Oliveira dando vida a quatro personagens, que buscam entender o seu lugar no mundo. Tem o homem que perdeu a cabeça, as gêmeas siamesas e um beatboxer malabarista. A história vai se desenvolvendo ao som de canções próprias do grupo e de nomes como Hermeto Pascoal e Capiba, interpretadas com voz, instrumentos tradicionais, como a sanfona, e outros inusitados, como serrote e piano de garrafa. “Os personagens estão em busca de ser e estar no mundo e cada um se parte, ou se junta, se desmembra, é uma pequena coleção de identidades e delírios”, afirma a atriz e diretora Livia Mattos
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.