Por Luiz Zanin Oricchio
Transmissão dos filmes concorrentes pelo Canal Brasil, debates e cerimônia de premiação online – tais são as novidades da 48ª edição do tradicional Festival de Cinema de Gramado. Forçado pela pandemia, foi a fórmula encontrada pelo evento para não cancelar a edição de 2020. E, aproveitando a ocasião, “reinventar-se”, que é a palavra da moda. No caso, significa tornar disponível em todo território nacional um festival de cinema que era privativo daqueles que se deslocavam à bucólica serra gaúcha nas edições normais.
Na coletiva de imprensa, também realizada online, foram anunciados os concorrentes mais aguardados – os longas em competição, nacionais e estrangeiros. Os curtas-metragens nacionais e os curtas gaúchos já haviam sido divulgados. Serão 19 curtas gaúchos, que competem pelo troféu Assembleia Legislativa e disponibilizado pelo streaming do Canal Brasil. Além deles, há a competição nacional, com 14 curtas nacionais, oriundos de oito Estados diferentes da federação. “O curioso é que alguns já trazem o tema da pandemia”, disse o curador Marcos Santuário, presente à coletiva de imprensa.
Para os longas-metragens, desde de 1992 Gramado adota a fórmula mista, mesclando produções brasileiras e estrangeiras. A seleção de longas foi escolhida por Santuário, pelo apresentador Pedro Bial e a atriz argentina Soledad Villamil. É a nova trinca de curadores de Gramado.
A lista completa dos homenageados deste ano também foi divulgada: Troféu Oscarito: Marco Nanini. Troféu Eduardo Abelin: Laís Bodanzky. Kikito de cristal: César Troncoso. Troféu Cidade de Gramado: Denise Fraga.
Marcos Santuário destacou que todos os concorrentes são inéditos no Brasil. Para chegar à lista final dos selecionados, 146 longas brasileiros e 93 estrangeiros foram examinados.
O curador falou sobre alguns dos filmes presentes. A começar pelo novo longa do mitológico diretor Ruy Guerra, Aos Pedaços. Guerra, para quem não lembra, é autor de Os Fuzis, um dos clássicos do Cinema Novo e um dos mais inventivos cineastas do País.
Santuário destacou também a presença feminina na seleção. “Cibele Amaral, diretora de Brasília, faz um drama muito forte e feminino, falando sobre normalidade e limites comportamentais”, disse.
Falou também da presença do pernambucano Camilo Cavalcante, que, com King Kong em Assunción, “traz um road movie muito interessante entre Paraguai Bolívia e Brasil para contar a história de um assassino de aluguel em busca de sua filha”.
Santuário ainda chamou a atenção para dois documentários presentes na competição de longas brasileiros, O Samba é primo do Jazz e Me Chama que eu Vou, ambos tendo como personagens ícones do universo musical brasileiro como Alcione e Sidney Magal. “São bastante intensos”, disse.
O festival começa dia 18 de setembro. A cerimônia de premiação, 26 de setembro, também será transmitida ao vivo pelo Canal Brasil e – novidade deste ano – pelo canal 500 da Claro.
Longas-metragens brasileiros (LMB) selecionados:
Aos pedaços – Rio de Janeiro
92′ – Drama ficção experimental
Direção: Ruy Guerra
King Kong em Asunción – Pernambuco
90′ – Ficção
Direção: Camilo Cavalcante
Me chama que eu vou – São Paulo
70’10 – Documentário
Direção: Joana Mariani
O Samba é primo do Jazz – Rio de Janeiro
70’06? – Documentário
Direção: Angela Zoé
Por que você não chora? – Distrito Federal
98′ – Ficção / Drama
Direção: Cibele Amaral
Todos os mortos – São Paulo
120′ – Drama
Direção: Caetano Gotardo & Marco Dutra
Um animal amarelo – Rio de Janeiro
115′ – Ficção
Direção: Felipe Bragança
Longas-metragens estrangeiros (LME) selecionados:
Dias de Inverno – México
90′ – Ficção
Direção: Jaiziel Hernández
El Gran Viaje al País Pequeño – Uruguai
105’47” – Documentário
Direção: Mariana Viñoles
El Silencio del Cazador – Argentina
103’20” – Drama / thriller
Diretor: Martin Desalvo
La frontera – Colombia
89’36” – Drama social
Direção: David David
Los Fuertes – Chile
98′ – Drama, Romance, LGBT
Direção: Omar Zúñiga
Matar a un Muerto – Paraguai
87′ – Drama
Direção: Hugo Giménez
Tu me manques – Bolívia
105′ – Drama
Direção: Rodrigo Bellott
Curtas em competição:
Atordoado, Eu Permaneço Atento – Rio de Janeiro
15′- Documentário
Direção: Henrique Amud & Lucas H. Rossi dos Santos
Blackout – Rio de Janeiro
18’51 – Ficção
Direção: Rossandra Leone
Dominique – Rio de Janeiro
19′ – Documentário
Direção: Tatiana Issa, Guto Barra
Extratos – São Paulo
8′ – Documentário
Direção: Sinai Sganzerla
Inabitável – Pernambuco
19′ – Ficção
Direção: Matheus Farias, Enock Carvalho
Joãosinho da Goméa – O Rei do Candomblé – Rio de Janeiro
14’24” – Documentário experimental
Direção: Janaina Oliveira ReFem e Rodrigo Dutra
O Barco e o Rio – Amazonas
17’12” – Ficção
Direção: Bernardo Ale Abinader
4 Bilhões de Infinitos – Minas Gerais
15′ – Ficção
Direção: Marco Antonio Pereira
Receita de Caranguejo – São Paulo
19’45”- Drama
Direção: Issis Valenzuela
Remoinho – Paraíba
12’27” – Ficção
Direção: Tiago A. Neves
Subsolo – Rio Grande do Sul
8′ – Animação / Comédia
Direção: Erica Maradona e Otto Guerra
Trincheira – Alagoas
14’40” – Ficção
Direção: Paulo Silver
Você tem olhos tristes – São Paulo
17’50”- Ficção
Direção: Diogo Leite
Wander Vi – Distrito Federal
19’56” – Documentário
Direção: Augusto Borges e Nathalya Brum