Tribuna Ribeirão
Cultura

Festa no sítio usado pelos Novos Baianos

ARQUIVO NACIONAL/DOMÍNIO PÚBLICO/WIKIMEDIA

O famoso sítio onde os Novos Baianos moraram co­letivamente nos anos 70 está disponível para festas. E ago­ra com piscina, churrasquei­ra e um campinho de futebol de verdade.

Quase 50 anos depois, o lo­cal mudou de nome e não tem mais a atmosfera rústica da comunidade hippie-futebolís­tica-musical que protagonizou um dos grandes momentos da música brasileira no século 20. Mas mantém o clima bucólico da época com vegetação, céu azul e a mesma vista para as montanhas que os músicos desfrutavam quando criaram o clássico disco Acabou Cho­rare, lançado em 1972, ano em que a turma se mudou para a propriedade

Muitas vezes mencionado genericamente como um “sítio em Jacarepaguá” em reporta­gens, livros e documentários sobre o grupo musical, o sítio, na época chamado ‘Cantinho do Vovô’, agora é o ‘Sítio So­minho’, um espaço preparado para receber festas e eventos localizado no número 20.160 da Estrada dos Bandeirantes, em Vargem Pequena, na zona oeste do Rio de Janeiro

Antes uma área de aspecto rural quase deserta, a região que fica a quase 40 quilôme­tros de distância da praia de Copacabana atualmente está um pouco mais urbanizada, mas – sem prédios e com vas­tas áreas verdes – continua com o ar interiorano que fez a alegria de Moraes Moreira, Baby Consuelo, Pepeu Go­mes, Galvão, Paulinho Boca de Cantor, Dadi e as outras quase 20 pessoas que habita­ram o sítio por alguns anos na década de 1970.

Um pouco da vivência do grupo no local está no re­cém-lançado livro Caí na Es­trada com os Novos Baianos, da produtora Marília Aguiar, ex-mulher de Paulinho Boca e que teve dois de seus três filhos com o artista quando mora­vam por lá. O livro traz novos detalhes de como foram os dias em comunidade no sítio:

“Mudamos para lá no dia 15 de abril de 1972. Tudo o que tínhamos coube um uma Kombi alugada e no fusqui­nha do Bola Morais, inclusive todos nós. Morais Moreira e Marilhona foram depois, porque nesse mesmo dia nasceu a Ciça (primeira filha deles). Poucos dias depois, o carro do Bola quebrou e per­maneceu sem conserto. Ficou estacionado perto do portão por tanto tempo que o mato tomou conta dele. Acabou as­sim, como se fosse um enor­me vaso de plantas”.

Em outro trecho descre­ve: “Nossa chegada ao sítio foi uma alegria indescritível! O grande portão verde era pinta­do com uma bandeira do Bra­sil que ostentava, no lugar do lema positivista Ordem e Pro­gresso, o nome do sítio: Canti­nho do Vovô. Logo na entrada havia um gramado ideal para o futebol diário. No fundo do terreno encontramos muitas árvores carregadas de caram­bolas, peras, laranja, goiabas, jenipapos, bananas. Tudo ali era perfeito para nós.”

Mais adiante, Marília fala detalhadamente como era a estrutura do sítio na época e como os baianos e agregados se espalharam pelo lugar: “No Cantinho do Vovô, não tinha água encanada, era preciso ligar uma bomba e puxar do poço. Havia duas casas ali, a do lado esquerdo era bem pe­quena, com cozinha, banheiro e dois quartinhos. Já a do lado direito era um sobradinho com dois quartos embaixo e um banheiro pequeno. E, na parte de cima, um salão gran­de com entrada independente e acesso por uma escada que ficava ao lado de fora.

Esse so­brado era recoberto por ladri­lhos brancos com o desenho de uma pomba estilizada. No meio do terreno e encostado ao muro do lado esquerdo, ha­via um pequeno galpão trans­formado depois em estúdio, mas sem isolamento acústico e sem portas. Bem no fundo, ao lado direito, encontramos restos do que tinha sido um galinheiro. Atrás da cozinha da casa menor, em paralelo ao sobradinho, existia um peque­no terreiro cimentado com o poço no meio. Foi ali que ins­talamos depois um chuveirão ao ar livre…”

No atual sítio, recente­mente reformado e batizado como Sominho em home­nagem à região de Portugal onde nasceu o atual proprie­tário, as construções pre­cárias descritas por Marília deram lugar a confortáveis instalações voltadas para co­memorações, além de pal­meiras e paisagismo floral.

Apesar de não haver no local nenhuma menção ao fato de o grupo musical ter vivido lá, um dos administra­dores conta que já aconteceu de pararem no portão para perguntar se ali era o sítio dos Novos Baianos.

Novos Baianos marcaram a música popular brasileira e até o rock brasileiro dos anos 70

Novos Baianos
Novos Baianos foi um conjunto musical brasileiro, nas­cido na Bahia, ativo em seu auge entre os anos de 1969 e 1979 (se reuniu em 1997 e novamente em 2015). Eles marcaram a música popular brasileira e até o rock brasileiro dos anos 70, utilizando-se de vários ritmos musicais brasileiros que vão de samba, bossa nova, frevo, baião, choro, afoxé e ijexá ao rock n’ roll.

O grupo lançou oito trabalhos antológicos para MPB. Influenciados pela contracultura e pela emergente Tro­picália. Contava, em sua formação original, com Moraes Moreira (compositor, vocal e violão), Baby do Brasil (vo­cal), Pepeu Gomes (guitarra), Paulinho Boca de Cantor (vocal), Dadi (baixo) e Luiz Galvão (letras) entre outros.

O segundo disco do grupo, Acabou Chorare, que mescla guitarra elétrica, baixo e bateria com cavaquinho, choca­lho, pandeiro e agogô, foi eleito pela revista Rolling Sto­ne como o melhor disco da história da música brasileira em outubro de 2007.

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